Desenvolvido pelo Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, o nanossatélite Catarina-A2 entrará em uma etapa decisiva do projeto entre os dias 13 e 17 de outubro, quando será submetido a uma série de testes de aceitação no Laboratório de Integração e Testes (LIT), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O satélite integra o Programa Constelação Catarina.
Os ensaios têm como objetivo validar se o satélite está pronto para a próxima fase de revisão e, posteriormente, para o lançamento. “Os testes de aceitação são uma etapa fundamental para garantir que o satélite esteja pronto para enfrentar as condições extremas do lançamento e da órbita. Cada ensaio é projetado para simular a realidade do espaço e validar a robustez do Catarina-A2”, explica Paulo Violada, pesquisador-chefe do Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados.
Entre os principais testes estão o fit-check, que verifica se as dimensões e interfaces do satélite seguem as normas estabelecidas; vibração, que simula as condições mecânicas durante o lançamento, garantindo que o equipamento suporte os estresses a que será submetido dentro do veículo lançador; e termovácuo, que reproduz as condições do espaço, alternando temperaturas de -20°C a 50°C em ambiente de alto vácuo, simulando o ciclo térmico que o satélite enfrentará em órbita.
Após a conclusão desta fase, o projeto passará pela Acceptance Review (AR), processo de avaliação conduzido por uma banca externa. Se aprovado, o Catarina-A2 estará apto para seguir ao lançamento e operação em órbita.
Aplicações
O nanossatélite tem dimensões de cerca de 10cm x 10cm X 34cm, similar a uma caixa de sapato, e permanece em órbita a cerca de 500 quilômetros do solo terrestre. O equipamento visa coletar dados e estabelecer a comunicação com estações em terra para órgãos meteorológicos, como o Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram), ligado à Secretaria de Estado da Agricultura.
Mas o projeto não se limita a meteorologia e defesa civil, podendo atender às áreas de agricultura de precisão, clima, monitoramento de tempestades, meio ambiente, saúde, indústria 4.0, energia, mídia, educação, aviação e cidades inteligentes.
O Programa Constelação Catarina é liderado pela Agência Espacial Brasileira (AEB) e recebeu aporte de R$ 5 milhões provenientes de emendas parlamentares de Santa Catarina. Ele nasceu após o ciclone-bomba que atingiu o Sul do Brasil em junho de 2020, quando instituições nacionais e catarinenses passaram a discutir soluções espaciais para monitorar eventos meteorológicos extremos. Além do Instituto SENAI de Sistemas Embarcados, participam do projeto UFSC, AEB, MCTI e Defesa Civil.
Do VCUB1 ao Catarina-A2: trajetória de inovação aplicada ao espaço
O Instituto Senai de Inovação em Sistemas Embarcados, em Florianópolis, já participou de projetos espaciais relevantes, como o desenvolvimento do primeiro nanossatélite da indústria brasileira (VCUB1), liderado pela Visiona Espacial e lançado em órbita nos EUA em abril de 2023.
“Estamos diante de um setor que vai movimentar cadeias produtivas inteiras nas próximas décadas. A atuação do SENAI no New Space não só projeta a inovação catarinense, mas também gera competências que fortalecem a competitividade da nossa indústria”, afirma o diretor-regional do Senai, Fabrízio Pereira.
Mais recentemente, em parceria com o MIT (Massachusetts Institute of Technology), o Senai/SC avançou na criação de um cluster de inovação New Space em Santa Catarina, iniciativa estratégica que busca consolidar um ecossistema tecnológico voltado a foguetes, nanossatélites, rovers e IoT aplicada ao setor espacial.