Por Kamila Schneider
Os quatro municípios que integram a microrregião foram responsáveis pela criação de 813 postos de trabalho no primeiro semestre deste ano. De acordo com os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados esta semana pelo Ministério do Trabalho, foi o melhor saldo de emprego para o primeiro semestre dos últimos três anos. A última vez que a microrregião apresentou um desempenho superior foi em 2013, quando foram abertas 1.225 vagas de emprego nas quatro cidades.
Guaramirim foi o município que apresentou o maior avanço no mercado de trabalho entre janeiro e junho deste ano, com a abertura de 398 postos de trabalho formal. Schroeder também registrou desempenho bastante acima do esperado e foi responsável pela criação de 300 vagas – isoladamente, trata-se do melhor resultado para o primeiro semestre desde 2010, ano em que o município alcançou saldo positivo de 316 novos postos.
Em Corupá, o mercado de trabalho gerou 120 vagas de emprego formal nos seis primeiros meses deste ano, número quase quatro vezes superior ao observado no mesmo período do ano passado.
De acordo com os dados do Caged, o único município a apresentar resultado negativo foi Massaranduba, com a perda de cinco vagas de emprego no primeiro semestre. É o segundo ano consecutivo que a cidade fecha o semestre com queda no emprego: no ano passado, o mercado local perdeu 18 postos, indicam os números. Antes disso, a última vez que Massaranduba havia apresentado retração no mercado de trabalho no primeiro semestre havia sido em 2011, ano em que encerrou 125 postos.
Se somado o resultado de Jaraguá do Sul, os cinco municípios da região foram responsáveis pela abertura de 2.206 postos de trabalho formal entre janeiro e junho deste ano. Para se ter uma ideia, no mesmo período do ano passado as cinco cidades amargaram a perda de 1.750 vagas de emprego.
INDÚSTRIA TÊXTIL É DESTAQUE NA GERAÇÃO DE EMPREGO
Assim como observado em Jaraguá do Sul, a indústria têxtil também foi destaque na geração de emprego durante o primeiro semestre em toda a microrregião. O segmento foi responsável pela criação de 494 vagas de emprego nos quatro municípios, sendo o maior saldo apresentado em Guaramirim (238), seguido por Corupá (121), Schroeder (114) e Massaranduba (21). Em Jaraguá do Sul, o saldo ficou em 845 postos, totalizando assim 1.339 vagas nos cinco municípios.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Vestuá- rio de Jaraguá do Sul e Região (STIVestuário), Gildo Antonio Alves, o primeiro semestre do ano foi de evolução constante na industria têxtil, que tem conseguido traçar estratégias para recuperar sua produção e seu quadro colaborativo. “Dois fatores ajudaram nesta melhora: a alta do dólar, que tornou a importação mais cara e faz com que as grandes magazines reduzissem as compras em outros mercados, e a valorização do mercado interno, com o varejo apostando mais nas marcas brasileiras, absorvendo mais a produção da indústria”, explica.
Além disso, Alves destaca os investimentos em inovação e tecnologia como fatores fundamentais para o aumento da competitividade no setor, o que tem ajudado a ampliar as vendas e a força produtiva da indústria local. “Nossa indústria tem investido muito em equipamentos de ponta. Os pequenos e médios negócios também são importantes nesse cenário, eles se adaptam com mais facilidade e são hoje os principais responsáveis pelo crescimento no emprego”, analisa o presidente da STIVestuário.
COMÉRCIO E CONSTRUÇÃO CIVIL DEMORAM MAIS PARA SE RECUPERAR
Na análise por setores da economia, o melhor desempenho em toda a região foi da indústria da transformação, com a criação de 1.471 postos de trabalho entre janeiro e junho. Foram 998 vagas em Jaraguá do Sul, 215 em Guaramirim, 186 em Schroeder e 101 em Corupá. Apenas em Massaranduba houve perda de 29 vagas.
O setor de serviços também mostrou mais vigor nos primeiros meses do ano, com a abertura de 328 novos postos este ano nos cinco municípios, sendo 217 delas somente em Jaraguá do Sul. No primeiro semestre do ano passado, o setor havia registrado a perda de 403 vagas.
Já na construção civil e no comércio, a recuperação do mercado de trabalho deve acontecer de maneira mais lenta. Os avanços nos primeiros meses do ano foram tímidos: enquanto a construção abriu somente 62 vagas, o comércio fechou o período com 148 novos postos de trabalho em toda a microrregião. Isso se deve, em grande parte, à dificuldade no acesso ao crédito, devido aos juros altos, e na desconfiança do consumidor, ainda muito afetada pela instabilidade política enfrentada no País.
Uma pesquisa feita pelo SPC Brasil e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) aponta que o nível de confiança do consumidor com a economia recuou 5% em junho, frente ao mês de maio, e atingiu o patamar mais baixo desde janeiro. O levantamento mostra que oito em cada dez brasileiros (82%) ainda acreditam que a economia vai mal, sendo deste público, 51% apontam os escândalos de corrupção como o principal motivo. Além disso, 40% dos brasileiros ainda estão pessimistas em relação ao futuro da economia.
Para o presidente da CNDL, Honório Pinheiro, a combinação do risco de novas instabilidades políticas e a atividade econômica ainda fraca contribuem fortemente para este cenário. “O processo de recuperação da confiança dos consumidores poderá ser lento e irregular, variando ao sabor do clima político”, analisa Pinheiro.
