Mercado dá sinais de estabilidade, mas exige cautela
Economia
sexta-feira, 07:15 - 28/10/2016

Após seis meses consecutivos de queda, o emprego formal voltou a apresentar saldo positivo em Jaraguá do Sul e trouxe uma nova injeção de ânimo para o mercado local. Setembro apresentou saldo positivo de 11 postos de trabalho, resultado bastante superior ao do ano passado, quando o município perdeu 398 vagas.
O cenário reforça a expectativa de uma economia cada vez mais estável, mas com os avanços ainda tímidos, exige atenção do empresário, segundo avaliação do presidente da Associação Empresarial de Jaraguá do Sul (Acijs), Giuliano Donini. “É o momento de acreditar na melhora e contribuir para isso, mas mantendo o nível de atenção e cobrança”, afirma o empresário.
Em resumo, Donini defende que o setor empresarial mantenha o realismo. Isso por que o caminho de recuperação deve ser longo e lento. “Podemos comemorar um fato bom depois de tanta notícia ruim, mas com cautela, pois os números ainda são pouco expressivos para sabermos se de fato este é o início de uma virada”, analisa.
Segundo ele, alguns fatores reforçam a necessidade de cautela. Primeiramente, Donini cita a redução da taxa de juros de 0,25% realizada na última semana, que ficou abaixo da expectativa de mercado e mostrou que ainda não há tanto espaço para redução quanto se espera.
Depois, o presidente da Acijs relembra as ações ainda conflitantes do poder público, que aprovou a PEC 241 para limites de gastos quase que em paralelo à aprovação dos aumentos para os servidores. “É um contra-senso. Ainda flutuamos muito sobre questões positivas e outras que deixam dúvidas. É claro que temos que comemorar essa mudança e transmitir essa confiança, mas ainda tem muito a acontecer para virar o cenário efetivamente”, comenta Donini.
“Acho que existe agora uma tendência de estabilização no quadro das empresas locais, por que muitos dos movimentos aparentemente já aconteceram. No cenário nacional, nota-se que as pequenas e micro empresas estão refletindo mais no emprego agora”, destaca Donini.
Retorno é mais rápido nos setores de comércio e serviços
Os dados divulgados pelo Ministério do Trabalho mostram que em Santa Catarina o mercado tem reagido de forma mais intensa nos setores diretamente relacionados ao público. Em Jaraguá do Sul, o comércio apresentou o melhor saldo de empregos por dois meses consecutivos – em setembro, o resultado foi de 74 novos postos de trabalho.
De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Jaraguá do Sul (CDL), Marcelo Nasato, o comércio tem uma tendência a sentir mais rapidamente as nuances do mercado, justamente por estar localizado na “ponta da cadeia” e se relacionar diretamente com o consumidor final. “É preciso avaliar ainda que o final de ano é tradicionalmente uma época de contratações no comércio, diferente da indústria que tende a manter o quadro”, salienta, reforçando que apesar de positivo, os números ainda não servem de base para uma mudança efetiva do cenário.
Conforme Nasato, a tendência é que o comércio volte a puxar os números do emprego em outubro na cidade, tendo em vista a intenção dos comerciantes de ampliarem seus quadros para a temporada de final de ano.
“O comércio é um setor importante por que ajuda a pulverizar o emprego. Juntas estas empresas representam muitas vezes uma força de trabalho maior do que grandes indústrias. O que se espera é que daqui há 30, 60 dias, quando o comércio precisar renovar seu estoque, isso estimule um movimento maior também da indústria. Temos que aguardar para ver”, avalia.
Santa Catarina tem terceiro melhor resultado do País
Em setembro, Santa Catarina foi responsável pela geração de 3.350 novos postos de trabalho. O resultado foi o terceiro melhor do País entre os estados, atrás apenas de Pernambuco (15.721) e Alagoas (13.395), e representa um avanço de 0,18% na comparação com o mês de agosto, quando foram abertas 3.014 novas vagas. Em setembro do ano passado, Santa Catarina havia reduzido em 53.058 vagas a sua força de trabalho.
O resultado foi impulsionado pelos setores de serviços e comércio, que juntos foram responsáveis pela criação de 89% das vagas do Estado, sendo 1.519 na área de serviços e 1.461 no comércio. A indústria da transformação também obteve resultado positivo, com a criação de 921 novos postos. Os resultados negativos foram verificados no setor da Construção Civil, que perdeu 493 vagas, e na administração pública do Estado, que apresentou corte de 50 postos de trabalho.
Brasil tem saldo negativo, mas queda continua desacelerando
No Brasil, o mercado teve perda de 39.282 postos em setembro, número bastante inferior ao registrado no ano passado, quando foram perdidos 95.602 empregos formais. Foram 1.142.797 admissões em setembro, frente à 1.182.079 desligamentos. Dois setores tiveram saldos positivos: a indústria da transformação (9.363 postos) e o comércio (3.940).
O desempenho da indústria da transformação foi puxado pela expansão da indústria de produtos alimentícios, onde foram criados 15.231 postos. Também obtiveram resultados significativos a indústria química (1.849 vagas), a indústria de calçados (1.354) e a indústria têxtil (1.304). Já no comércio a geração de empregos foi impulsionada pelo ramo varejista, que sozinho gerou 5.293 postos.
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