Um estudo inédito da Serasa Experian identificou que 35,3 milhões de brasileiros não têm registros financeiros. Isso significa que 21,7% da população adulta do país não possui contas de consumo, financiamentos, empréstimos ou faturas de cartão de crédito registrados em seu CPF, nem mesmo estão no Cadastro Positivo. No Sul do país, 5.086.090 consumidores se encontram nesta situação, com destaque para o Rio Grande do Sul com a maior parcela da região.
Em Santa Catarina, 2,9% da população está nesta situação – são 1,023 milhão de catarinenses sem informação de crédito.
Ainda segundo a Serasa Experian, também chamados de “Thin Files” ou literalmente “pessoas sem informação de crédito”, geralmente são indivíduos que não usam o crédito regularmente e, portanto, não têm nenhuma atividade recente em seu histórico, bem como jovens que ainda não iniciaram sua vida financeira e não possuem encargos.
“Nem sempre estar invisível ao crédito significa que a pessoa não é boa pagadora. Muitas vezes, podem não ter registros financeiros por optarem pagar à vista ou por terem suas principais contas em nomes de familiares, por exemplo. O problema é que se essas pessoas poderão ter dificuldade de acessarem o crédito ou mesmo quando conseguem, encontram limites mais baixos e taxas de juros mais elevadas, pois o mercado ainda não conhece seu comportamento financeiro” explica Roger Cruz, Head de Sustentabilidade da Serasa Experian.
Análise nacional: 8 em cada 10 não são negativados
A análise nacional indica que, apesar de pouca informação, essas pessoas não estão fora dos serviços financeiros por conta de falta de pagamento de eventuais dívidas. Oito em cada 10, ou mais precisamente 80,5%, das pessoas sem informação de crédito não são negativadas. Mesmo assim, como o mercado acaba tendo pouca ou nenhuma informação sobre o histórico da pessoa, este cenário pode impactar negativamente seu Score de crédito, que é uma pontuação relevante para se obter a aprovação para empréstimos, cartões de crédito e outros serviços não só financeiros, mas também como telefonia, internet etc.
O levantamento também traz o recorte por idade, que mostra que a maior parte dos Thin Files (19,5%) no Brasil têm entre 21 e 30 anos, seguidos por brasileiros dos 18 a 20 anos (15,3%). A menor parcela de pessoas sem registros financeiros são aqueles entre 61 e 70 anos (8,5%).
Em relação à renda dessas pessoas, a maioria ganha entre 0 e 1 salário-mínimo (77,14%) e menos de 1% recebe mais de 4 salários-mínimos.
“A necessidade de acesso ao crédito é entendida comumente como amparo para situações emergenciais ou mesmo indisciplina com as contas, mas é importante conscientizar os brasileiros sobre o crédito como uma medida de inclusão financeira. O acesso a crédito pode abrir portas para realização dos sonhos como estudar, adquirir casa própria, empreender, fazer uma viagem, ou até cuidar da saúde”, complementa Roger Cruz.
Estados com mais Thin Files são do Sudeste
Os estados de São Paulo (19,4%), Minas Gerais (10%) e Rio de Janeiro (8,3%) lideraram o ranking com a maior participação de Thin Files, ou pessoas sem registros financeiros. Os estados do Acre (0,5%), Amapá (0,4%) e Roraima (0,3%) tiveram a menor participação.
Roger Cruz explica que, estar invisível aos serviços financeiros não significa falta de dinheiro. São mais de 35 milhões de brasileiros, e grande parte destes gerando renda. Além de uma oportunidade social, a inclusão financeira é uma oportunidade de negócios
“Garantir acesso das pessoas e empreendedores ao sistema financeiro pode trazer benefícios para as empresas que, ao adaptarem seus produtos às necessidades deste público, podem ter uma nova fonte de receita. Para os consumidores e empreendedores, amplia a possibilidade de conseguir crédito no mercado, fazendo o motor da economia girar e criando uma sociedade mais saudável do ponto de vista econômico”, diz o Head de Sustentabilidade da Serasa Experian.