Líderes empresariais apontam caminhos para a indústria do Brasil

Por: Pedro Leal

29/06/2023 - 09:06 - Atualizada em: 29/06/2023 - 09:54

“A criação de ecossistemas colaborativos, em que as empresas têm compartilhamento de conhecimento e boas práticas, estímulo à inovação e maior acesso ao mercado, contribui com a redução de custos, aumento de produtividade e economia em escala, gerando vantagens competitivas significativas”, afirmou o presidente da Câmara de Desenvolvimento da Indústria da Moda da Fiesc e CEO da Marisol, Giuliano Donini, no painel “O futuro da indústria”, que reuniu líderes na ExpoGestão, que acontece em Joinville.

No painel que apontou os caminhos para a construção da indústria do futuro, o presidente da Fiesc, Mário Cezar de Aguiar afirmou que tem uma visão otimista da indústria. Citou números que mostram a relevância da indústria catarinense, a mais diversificada do Brasil, que participa com 27% da riqueza catarinense, com uma cultura intensa no comércio internacional, sendo um modelo para todo o Brasil. “Nosso principal mercado é o norte americano, seguido do europeu. Isso prova que nossa qualidade é excelente”, frisou.

Ao mesmo tempo, lembrou dos desafios nos campos da eficiência energética, transformação digital, inovação, saúde e bem-estar e sustentabilidade. E reforçou alguns aspectos que precisam ser trabalhados para que a indústria seja ainda mais competitiva: política industrial, reforma tributária e inserção mais forte no mercado internacional.

Para o diretor de Inovação e Competitividade da Fiesc, José Eduardo Fiates, que mediou o painel, o futuro da indústria é agora. Destaca que a indústria representa mais de 21% do PIB brasileiro, responde por 70% das exportações de bens e serviços, concentra quase 70% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento e é responsável por um terço dos tributos federais. “A melhor maneira de enfrentar o processo é aprender na prática com a própria indústria, aprender a conviver com o problema e aprender a superar os desafios com quem já está encontrando as soluções”, afirma Fiates.

Ricardo Santin, diretor de montagem do BMW Group em Araquari, mostrou como uma multinacional se movimenta constantemente para estar na vanguarda, com uma produção eficiente, precisa e flexível, adotando economia circular e utilizando os recursos digitais e tecnológicos, sempre tendo as pessoas no centro dos processos. Para isso, a companhia investe em lideranças com atitude. Que sejam capazes de manter o equilíbrio entre ser visionário e realista, engajado e inspirador, resiliente e adaptável, humilde e confiante. Dessa forma, serão capazes de decidir, entregar, colaborar e empoderar.

No painel, Giuliano Donini destacou a importância da indústria da moda para Santa Catarina, setor que mais gera empregos no estado, com mais de 176 mil empregos e 9.179 empresas. Mas segundo ele, o setor ainda tem uma imagem negativa e uma produtividade baixa. O empresário selecionou três pontos prioritários para serem trabalhados: mão de obra, imagem e incentivos às micro e pequenas. Uma das soluções apontadas pelo empresário é a clusterização. Entre os aspectos que o dirigente indicou como caminhos para melhorias estão a atratividade, internacionalização, integração da cadeia produtiva, sustentabilidade, tecnologia e inovação.

Completando o painel, Fernando de Rizzo, CEO da Tupy, mostrou como a própria história da companhia ilustra a necessidade de adaptação constante para se manter e continuar crescendo no mercado. Falou sobre a criação da Escola Técnica Tupy, em uma época em que a carência de mão de obra qualificada era uma necessidade e da construção do Centro de Pesquisa Tecnológica, nos anos 70, quando a companhia buscou os melhores engenheiros de materiais para desenvolver novas tecnologias e repassar conhecimento. Continuou explanando sobre a nova Tupy.

“Precisamos continuar investindo em novas tecnologias, especialmente no campo energético”, disse. Citou três importantes projetos que a Tupy desenvolve com outros parceiros, como Embrapa e Primato. Juntos, estão trabalhando em usinas de produção de biogás, geradores de eletricidade e motores movidos a biometano, projeto que irá transformar a economia do agronegócio, acelerando a utilização de biocombustíveis e contribuindo para a descarbonização.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).