Com o reaquecimento da economia, a taxa de juros em seu menor patamar histórico (6,75%), a inflação entrando em controle e a reforma da previdência adiada novamente, o momento é ideal para pensar em investir no futuro e formar capital para a aposentadoria.
Buscando dicas para poupar – dificuldade notada por 70% dos brasileiros, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) – e investir, falamos com o assessor financeiro Layon Dalcanali, da XP Investimentos, com mais de 10 anos de atuação no setor.
1. Corte onde puder
O primeiro passo, mais básico e com qual muitos brasileiros tem dificuldade, diz Dalcanali, é não gastar mais do que recebe. “Nós trabalhamos para ter uma recompensa financeira e para pagar nossas contas, o importante é fazer mais do que apenas isso”, explica.
Para esse fim, é importante pensar suas prioridades e medir seus gastos para saber onde é possível cortar. Ele ressalta que essas dificuldades não são uma questão de renda, mas de despesas. “Temos casos de gente que ganha R$ 20, 30 mil por mês e não consegue poupar”, explica.
Dalcanali não dá conselhos sobre o que cortar. “Isso vai das particularidades e das necessidades de cada família, daquilo que julga importante. O que é essencial é pensar em que despesas você pode cortar sem problemas e sem desconforto”, diz. Como as sobras dos rendimentos, é importante formar reservas para poder investir – e ter um fundo de emergência.
Ele ressalta que, embora possam ajudar na hora de fechar as contas do mês, opções como cheque especial e cartão de crédito geram imensas despesas no longo prazo. “Os juros destas modalidades chegam até 300% ao ano, enquanto um bom plano de investimentos pode lhe render 10%”, nota.
Em seu ver, qualquer investimento a esta altura – de formação de reservas – deve ser em conhecimento. “Com conhecimento e qualificação, você vai conseguir uma colocação profissional melhor e consequentemente um rendimento maior e um padrão de vida melhor”, explica.
2. Invista o que você poupou

“Objetivo é fazer o seu dinheiro trabalhar para você com uma boa taxa de juros”, diz assessor financeiro Layon Dalcanali, da XP Investimentos | Foto Eduardo Montecino/OCP
Tendo alguma reserva financeira, é possível pensar em um plano de investimentos e fazer o seu dinheiro lhe trazer retorno. “Basicamente, o objetivo é fazer o seu dinheiro trabalhar para você com uma boa taxa de juros”, diz.
Dois pontos essenciais para qualquer plano de investimentos, explica o economista, são juros – quanto que seus investimentos vão render com o tempo – e o tempo que você tem para investir. Por conta disso, é importante começar a fazer seus investimentos o mais cedo o possível.
A meta de qualquer plano de investimentos é fazer o seu dinheiro ‘criar dinheiro’ – e com um bom plano de investimentos, mesmo um com rendimentos menores, dá para se considerar efetivamente aposentado assim que seu patrimônio pagar suas despesas fixas. “A essa altura, o interesse não é mais pagar suas despesas, mas ganhar mais em seus juros”, diz.
3. Busque opções que vão além da Poupança
Embora seja a mais popular forma de investimento de renda fixa para a maior parte da população, a poupança não é a única – nem a melhor – opção de investimentos, diz Dalcanali. “Hoje, com a taxa atual de juros, uma poupança rende 4,72% ao ano. Existem opções tão seguras quanto, como CDBs (Certificado de Depósito Bancário) pré-fixados, que pagam 7%”, destaca.
A diferença pode parecer pequena – 2,28% – mas quanto maior o fundo, maior a diferença que estes 2,28% fazem. “1% em um investimento de R$ 100 mil já são R$ 1.000 ao ano. em um fundo de R$ 1 milhão, estes 2,28% de diferença já dariam R$ 1.900 ao mês”, explica.
4. Avalie o seu perfil de investidor
Quem tem um perfil mais ousado pode arriscar outras formas de investimento, com menos segurança – e rendimentos maiores – como CDBs pós-fixados (cujo rendimento depende das variações da taxa básica de juros, Selic), títulos do tesouro nacional ou uma caderneta de ações.
De acordo com Dalcanali, o cenário atual de juros baixos favorece investimentos mais ousados, pois poupanças e CDBs, pautados na taxa de juros, reduzem seus rendimentos.
“Essa questão vale também para empresas: com a taxa de juros em 14%, como estava em 2016, compensava muito mais investir em títulos do tesouro e investimentos financeiros do que se arriscar investindo em operações para arriscar perdas em troca de rendimentos menores do que a taxa de juros”, diz, ressaltando que o cenário atual favorece a geração de empregos – e de investimentos.