A inflação corrói a cada ano o poder de compra do Real, moeda que completa 31 anos nesta terça-feira, 1º de julho. Desde 1994, quando foi lançado, já perdeu 87% do seu valor. Atualmente, R$ 100 equivalem a R$ 12,23 daquela época, de acordo com dados de 2024.
Pelo caminho inverso, para se comprar o equivalente ao que se adquiria com R$ 100 em julho de 1994, era necessário desembolsar R$ 808,02 há um ano. É mais uma conta que os brasileiros pagam pelo desequilíbrio financeiro dos governos.
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Os números, que levam em conta pesquisas do IBGE e Banco Central, foram publicados pelo economista Ricardo Amorim. Ele avalia que quando os governos gastam mais do que arrecadam os impostos e a dívida pública aumentam em um círculo vicioso.
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Os comentários de Amorim vão ao encontro do que se constata pelo painel Gasto Brasil, criado pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) em parceria com a Associação Comercial de São Paulo (ACSP) para monitorar as despesas da União, estados e municípios. Só nos primeiros seis meses de 2025, o desequilíbrio entre as receitas e as despesas atingiu R$ 600 bilhões de reais (R$ 2 trilhões arrecadados e R$ 2,6 trilhões gastos).
“Esse descompasso perverso é a razão do aumento da inflação e, consequentemente, da elevação da taxa de juros. Por isso, é urgente uma política de cortes de gastos para incentivar os investimentos, conter o desequilíbrio fiscal e aumentar o poder de compra da nossa moeda. E não é com aumento de impostos que atingiremos essa meta”, enfatiza o presidente da CACB, Alfredo Coitait Neto.
Para Ricardo Amorim, “há um descasamento temporal entre o aumento dos gastos e seus impactos negativos no bolso da população, o que faz com que a maioria das pessoas não se dê conta da relação entre o aumento de gastos públicos e suas consequências nefastas na sua vida.”
Ele conta, em seu post no Instagram, que desde o início do Plano Real, os gastos públicos cresceram quatro vezes mais do que a economia brasileira. “Como consequência, a dívida pública passou a ser mais de três vezes maior em relação ao tamanho da economia e a inflação no Brasil foi muito maior do que nos países desenvolvidos, corroendo o poder de compra dos brasileiros”, argumenta o economista.