Segunda aceleradora de startups do Estado abre as portas em Jaraguá do Sul

Por: Elissandro Sutil

25/09/2017 - 09:09 - Atualizada em: 26/09/2017 - 11:10

Ideias inovadoras e com potencial para criar soluções para indústrias no Norte catarinense terão um espaço voltado especialmente para o seu fortalecimento. A Spin Exponential Business será a primeira aceleradora de startups da região, disposta a intermediar a conexão entre empreendedores, investidores, acelerando o processo de crescimento de startups.

A empresa é a segunda do Estado a oferecer o serviço e está em um grupo de 40 aceleradoras do Brasil baseada em modelos do Vale do Silício, nos Estados Unidos, e com o Instituto de Pesquisa de Stanford como parceiro. De acordo com um dos sócios da Spin, Benyamin Fard, Jaraguá do Sul foi escolhida por estar imersa no maior polo industrial do Estado, considerando que a Spin trabalha com startups que desenvolvam soluções para necessidades reais e específicas das corporações.

Com apoio e estrutura oferecido pela aceleradora, as ideias conseguem uma rápida validação do modelo de negócio e ultrapassam mais facilmente as etapas de consolidação do empreendimento. Assim, o produto viável mínimo (MVP, de Minimum Viable Product) – termo usado no empreendedorismo para definir a versão mais simples de um produto – consegue rapidamente se transformar em um negócio exponencial. “Esse modelo de negócio pode agregar maior produtividade e competitividade às indústrias, garantindo a diversificação da matriz econômica. As empresas aqui instaladas já são reconhecidas no mercado, mas precisam continuar crescendo e se desenvolvendo”, avalia Fard.

“O ambiente criativo será destinado para encontros com investidores, diretores empresariais e descanso dos próprios empreendedores”, conta Fard | Foto WeArt/Divulgação

As startups entram com um papel fundamental nesse processo de evolução do mercado local e abrangem diferentes segmentos, principalmente nas áreas de TI, educação, comércio e serviços. Para o também sócio Ricardo Rodermel, as empresas iniciantes de tecnologia se destacam por estarem desconexas da realidade do setor industrial e oferecer soluções “fora da caixa”, que podem resultar em grandes mudanças.

Com o surgimento rápido e exponencial de startups, as aceleradoras fornecem uma assessoria especializada, com sócios experientes em diferentes áreas do universo corporativo e de inovação, além de especialistas e mais de 20 mentores com experiência de mercado.

“Pesquisas indicam que 90% das startups criadas no mundo falham. O número cai para 20% quando elas passam pelo processo de aceleração”, observa Fard. Outro problema enfrentado pelos empreendedores seria a falta de estrutura física e financeira para por em prática suas ideias.

Espaço e dinâmica para favorecer a criação

Inspirada não só no modelo de gestão, mas também na estrutura física dos negócios criados no Vale do Silício, a Spin vai levar as startups selecionadas para um ambiente totalmente criativo, criado especialmente para fazer os projetos crescerem no menor tempo possível. Serão oito novos negócios acompanhados em cada ciclo, que deve durar 12 semanas. Para estes primeiros meses, as empresas já foram selecionadas.

O espaço de 200 metros quadrados conta com salas de reuniões para videoconferências, duas cabines telefônicas e uma área de eventos. Cada empresa terá a sua mesa de trabalhos. “O ambiente criativo será destinado para encontros com investidores, diretores empresariais e descanso dos próprios empreendedores”, conta Fard.

Por acreditarem que a criatividade não tem hora para alcançar seu ápice, os sócios da Spin estabeleceram horários de funcionamento flexíveis, durante os três turnos do dia. Além do trabalho de acompanhamento, a aceleradora irá promover encontros voltados para comunidade sem custos. “Qualquer pessoa pode ter uma ideia que transforme o mundo, e aqui será um ponto de encontro desses jovens, onde eles poderão trocar experiências e ter acesso a empreendedores renomados”, comenta o sócio Antônio Cesar da Silva.

O processo de estruturação jurídica, financeira, comercial, emocional, tração e vendas a qual os empreendedores serão submetidos vão preparar seus respectivos modelos de negócio com o objetivo de atrair investidores. “Há um movimento global de investimento, onde empresários já bem sucedidos se tornam sócios dessas novas ideias”, completa o sócio Benyamin Fard.

Mercado de aceleradoras no Brasil

Um estudo inédito da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP), realizado no ano passado, apontou que o mercado brasileiro de aceleradoras está consolidado. Segundo os autores, até janeiro de 2016 havia 41 aceleradoras em atividade no Brasil. Número é significativo, já que estudiosos estimam que haja entre 230 e 250 aceleradoras no mundo, em 2016. Segundo o estudo, o valor do investimento varia de R$ 45 mil a R$ 255 mil por empresa, totalizando R$ 51 milhões. Em contrapartida, algumas aceleradoras exigem uma participação mínima de 8%, na média. O mercado está concentrado no Sudeste, especialmente no estado de São Paulo. Em seguida aparecem as regiões Nordeste, Sul e Norte.