Grãos tem queda de preços e carnes tem alta nas exportações, diz boletim agropecuário

Divulgação/Cooperativa Juriti

Por: Pedro Leal

21/07/2023 - 08:07 - Atualizada em: 21/07/2023 - 08:18

Os principais grãos cultivados em Santa Catarina tiveram redução no preço pago ao produtor em junho. Trigo, arroz, feijão, milho e soja apresentaram decréscimo no valor em comparação com o mês anterior.

Já a exportação de carnes de frango e suína cresceu e, no acumulado do primeiro semestre, registrou altas tanto em quantidade exportada como em valor movimentado. As informações foram divulgadas no Boletim Agropecuário do mês de julho.

O documento é uma publicação mensal do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa) e tem como objetivo reunir informações conjunturais sobre alguns dos principais produtos agropecuários de Santa Catarina.

A íntegra do Boletim pode ser consultada no site do Observatório Agro Catarinense, da Epagri/Cepa e da Secretaria da Agricultura (SAR).

Confira mais detalhes sobre a produção e o mercado de alguns dos produtos monitorados:

Arroz

A safra 2022/2023 de arroz está encerrada em Santa Catarina com recorde de produção. Como já esperado para este período do ano, os preços do arroz em casca caíram tanto aqui como no Rio Grande do Sul. Comparativamente ao mês de maio, os preços caíram 1,67% em Santa Catarina no mês de junho, com média fechada em R$78,75 a saca de 50kg.

Na primeira quinzena de julho, os preços mostraram tendência de estabilidade, apesar de ainda estarem em baixa, com média parcial de R$78,59 a saca de 50kg. Isto se deve ao encerramento da colheita e consequente comercialização.

Para o segundo semestre do ano, espera-se uma elevação dos preços, dado que boa parte da produção já foi comercializada e outros fatores tendem a manter o mercado aquecido, como as exportações e uma relação estoque-consumo baixa em razão da quebra da safra gaúcha.

Trigo

Entre maio e junho, os preços recebidos pelos produtores de trigo caíram 4,53%. O preço médio mensal da saca de 60 kg fechou em R$70,12. Na comparação anual, em termos nominais, os preços recebidos em junho deste ano estão 32,99% abaixo dos registrados no mesmo mês de 2022.

O preço da saca de trigo no mercado interno vem caindo desde julho do ano passado. No mercado internacional os preços oscilaram bastante no período, tanto por questões de câmbio como por retração nas vendas dos países exportadores. A guerra entre Rússia e Ucrânia tem gerado insegurança sobre a disponibilidade dos grãos no mercado, dadas as idas e vindas acerca do acordo para escoamento das safras.

Em Santa Catarina, até a última semana de junho, cerca de 56% da área estimada para o plantio de trigo na safra 2023/2024 já havia sido semeada. Na comparação com a safra passada, as estimativas da Epagri/Cepa apontam para uma redução de 2% na área plantada e no volume de produção.

Feijão

No mês de junho, o preço médio mensal recebido pelos produtores catarinenses de feijão-carioca fechou em R$229,42 a saca de 60 kg, uma redução de 13,55% em comparação com o mês anterior.

Para o feijão-preto, o preço médio recuou 8,91%, com média mensal de R$195,61 a saca de 60 kg. A redução nos preços do feijão já era esperada para essa época do ano porque, com o término da colheita do feijão segunda safra, sobretudo no Sul do país, há um aumento da oferta.

A partir de novembro, os preços pagos aos produtores normalmente reagem. Na safra 2022/2023 a área total plantada com feijão em Santa Catarina (soma da 1ª e 2ª safra) caiu aproximadamente 11%. Por outro lado, a produtividade média teve um incremento de 22%, o que resultou em um aumento de produção de 9% em relação à safra anterior.

Soja

No Brasil, a confirmação de uma safra recorde em 2022/2023 de 155,7 milhões de toneladas continua pressionando os preços da soja no mercado interno. No Estado, a cotação de R$124,39 a saca de 60 kg, média recebida pelos produtores em junho, foi a menor desde 2021.

A produção da leguminosa em Santa Catarina, quando consideradas a primeira e a segunda safras, totalizou 3,02 milhões de toneladas segundo a estimativa final divulgada em junho. A safra 2022/2023 é a maior da série histórica levantada pelo Epagri/Cepa e pelo IBGE no Estado. O aumento sistemático da área cultivada, a evolução tecnológica e as condições climáticas resultaram nessa produção recorde.

Frangos

Santa Catarina exportou 91 mil toneladas de carne de frango (in natura e industrializada) em junho, alta de 3,0% em relação às exportações do mês anterior e de 2,0% na comparação com as de junho de 2022. As receitas foram de US$ 196,8 milhões, queda de 1,3% em relação às do mês anterior e de 6,5% na comparação com as de junho de 2022. No acumulado do 1º semestre, Santa Catarina exportou 545,4 mil toneladas, com receitas de US$1,18 bilhão – altas de 7,5% em quantidade e de 12,0% em valor, na comparação com as do mesmo período do ano passado.

Suínos

Santa Catarina exportou 59,6 mil toneladas de carne suína (in natura, industrializada e miúdos) em junho, alta de 10,4% em relação às exportações do mês anterior e de 17,9% na comparação com as de junho de 2022.

As receitas foram de US$150,5 milhões, crescimento de 8,0% em relação às do mês anterior e de 21,6% na comparação com as de junho de 2022. No acumulado do 1º semestre deste ano, o Estado exportou 320,1 mil toneladas de carne suína, com receitas de US$793,9 milhões, altas de 14,7% e 25,9%, respectivamente, em comparação com o mesmo período de 2022. Esses números representam os melhores resultados para o período de toda a série histórica (iniciada em 1997), tanto em quantidade embarcada quanto em receitas.

Bovinos

Os preços do boi gordo em Santa Catarina, nas duas primeiras semanas de julho, apresentaram queda de 0,2% em relação à média do mês anterior. Por outro lado, a maioria dos principais estados produtores apresentaram variações positivas no período, como no caso de Mato Grosso do Sul (7,5%) e Goiás (5,4%). Na comparação entre o valor preliminar de julho e o do mesmo mês de 2022 observou-se queda de 15,0% no preço médio estadual de Santa Catarina.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).