A Câmara de Assuntos de Energia da Federação das Indústrias de SC (Fiesc) reuniu especialistas do setor elétrico para debater as perspectivas do segmento no próximo ano e seus impactos na indústria em reunião nesta quinta-feira, dia 28.
O setor de energia passa por um momento dinâmico, com discussões sobre a transição energética e os investimentos em novas tecnologias, mudanças no mercado livre de energia em 2024 – que permitiram a entrada de mais consumidores nesse modelo de comercialização – e desafios de um setor altamente regulado.
Para o presidente da Câmara, Manfredo Gouvêa Júnior, o debate é necessário porque a energia é parte relevante da composição de custos da indústria – em alguns setores determinante para a competitividade tanto dentro como fora do país. “Temos um mercado livre de energia elétrica que já está consolidado, o que nos dá segurança para termos mais empresas migrando. Isso não significa, no entanto, que não existem sobressaltos”, afirma.
Entre os principais focos de atenção, segundo os especialistas, está a transição energética. Na avaliação do gerente de Eficiência Energética da Celesc, Thiago Jeremias, seria possível economizar 9% da energia consumida pela indústria em Santa Catarina, o que corresponde a 1 milhão de MWh. “É um volume significativo que poderia ser economizado com programas de eficiência e na troca de equipamentos”, explica Jeremias.
Para Bernardo Sicsú, vice-presidente da Abraceel, a portaria que permitiu que todos os consumidores classificados como Grupo A possam migrar para o mercado livre, levou a um crescimento significativo dessa modalidade. Dados da entidade mostram que quase 20 mil unidades consumidoras aderiram ao mercado livre nos últimos 12 meses, um incremento de 53% no período.
Em SC, o mercado livre de energia é responsável por cerca de 50% do consumo do estado, e desse montante, 85% do consumo vêm da indústria – o que corresponde a apenas 0,1% do número de clientes. “Ainda há muito espaço para crescer em número de unidades consumidoras industriais. São 134 mil indústrias hoje ainda no mercado cativo. Há muita oportunidade entre as pequenas e médias”, afirma Sicsú.
O gerente de comercialização de energia da Engie, Maury Garrett, avalia que em 2025 outro tema em destaque será o papel do Brasil na estratégia de powershoring, ou seja, a produção eficiente e segura de energia renovável para exportação, ou a instalação de indústrias próximo a fontes renováveis.
Para Ricardo Lindemeyer, gerente-executivo para a região Sul da Eletrobras, o desenvolvimento de novas fontes de energia também terá destaque. Ele explica que a companhia já tem em operação e produzindo, a primeira planta de hidrogênio verde (H2V) do Brasil. Além disso, destaca que a empresa identificou o potencial do país para o powershoring e assinou contrato para a exportação de H2V para a Alemanha a partir de 2030.
A consultora da FIESC Fabiane Horongoso fez um balanço sobre as tarifas de energia da Celesc em 2024, e apresentou projeções de mudanças para 2025. Ela destacou que um dos principais desafios do setor de energia é a composição da tarifa, já que ela é composta não só do custo da energia em si, e sofre influência direta de regulamentações e decisões, muitas vezes, arbitrárias. “A despeito das incertezas tarifárias, SC tem uma das tarifas de energia mais baratas do Brasil para as indústrias. A alíquota de 17% de ICMS cobrada no estado está abaixo da média brasileira, de 20%. Isso traz competitividade para SC”, destaca.