A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) pode gastar R$ 350 milhões para ampliar os estoques de grãos no Brasil em um estoque regulador como estratégia para conter a inflação dos alimentos. Entre os produtos a serem comprados pelo governo “na baixa” estão o milho, o arroz e o feijão.
Atualmente, as regras de aquisição são voltadas para garantir a renda do produtor rural, mas não favorecem a formação de estoques estratégicos. De acordo com o presidente da Conab, Edegar Pretto, a proposta é criar um mecanismo que permita ao governo comprar grãos nos momentos de baixa dos preços, evitando impactos negativos no mercado.
“Atualmente, as regras servem para proteger a renda do produtor e não para formar estoques, então quando se fala preços mínimos é para garantir a renda ao produtor, o que é correto. Precisamos de mais flexibilidade, e a ideia é que a gente tenha um mecanismo que permita que o governo compre na baixa, sempre na baixa, para não fazer os preços subirem”, disse em entrevista à Reuters nesta segunda (10).
A formação de estoques públicos de alimentos era uma promessa de campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a campanha de 2022, e vai na contra-mão do praticado nos últimos governos.
Embora a compra de grãos ajude a evitar alta expressiva nos preços, também pode impedir que os alimentos fiquem mais baratos em momentos de grande oferta. Do total de R$ 350 milhões previstos para as compras, diz, R$ 189 milhões já estão assegurados.
“Posso garantir que não entraremos em momentos de alta de preços, porque não se forma estoques, em nenhum lugar do mundo, com tendências de alta… É nos momentos de alta que você se desfaz dos estoques”, afirmou Pretto.
Atualmente, os estoques de grãos do Brasil estão em níveis mínimos, especialmente se comparados a períodos anteriores de governos petistas. A expectativa da Conab é que a colheita da safra recorde de 2025 gere oportunidades para recompor esses estoques.
“Já temos produtos em queda, caso do arroz, por exemplo, que pode chegar até perto do preço mínimo”, destacou o presidente da Conab.
A decisão de reforçar os estoques ocorre em um momento de preocupação crescente com a inflação dos alimentos. A popularidade do presidente Lula está em queda livre nos últimos meses e fez o governo agir, na semana passada, para tentar conter a disparada dos preços — entre elas, a redução a zero dos impostos de importação de alguns produtos.
Dados do IBGE mostram que o custo dos alimentos e bebidas subiu cerca de 8% em 2024, com alta de quase 1% apenas em janeiro, o quinto mês consecutivo de aumento. Os dados de fevereiro serão divulgados na quarta (12).
* Com informações da Gazeta do Povo.