Metas como a ampliação da descarbonização do planeta, com o incremento do uso de energias limpas e renováveis em meios de transporte individual e coletivo, ao mesmo tempo tornando as cidades mais inteligentes através da digitalização.
Para debater temas como estes, identificados com a agenda global de sustentabilidade, Jaraguá do Sul é sede do 1o Mobicit – Congresso Nacional de Mobilidade Elétrica e Cidades Inteligentes. O evento, iniciativa do UniSENAI, com apoio do Governo do Estado por meio da Fapesc, e WEG, reúne até a sexta-feira (30), no Instituto SENAI de Tecnologia Eggon João da Silva, especialistas que apresentam experiências e de gestão de projetos de empresas e políticas relacionadas com o desenvolvimento econômico e qualidade de vida.
Na abertura do congresso, o gerente executivo do Instituto SENAI de Tecnologia, Maurício Cappra Pauletti, disse que a temática do evento traz relevância no âmbito das discussões que a indústria, instituições de ensino e pesquisa, fazem ao lado do poder público e organizações ambientais para que o Brasil esteja cada vez mais integrados a uma agenda de desenvolvimento econômico com sustentabilidade econômica, ambiental e social.
Cita as várias parcerias da Fiesc, por meio do Senai e do UniSENAI, direcionadas não só para a capacitação como para a geração de negócios. Em Jaraguá do Sul, por exemplo, o Instituto Senai de Tecnologia dedica-se à mobilidade elétrica e energias renováveis, oferecendo serviços para as empresas e formação especializada com MBIs, graduações e especializações a profissionais e comunidade regional.
Lideranças
O presidente da Fapesc, Fábio Wagner Pinto, falou sobre ações de fomento que vêm sendo implementadas pelo Governo do Estado como para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação. “São áreas que cada vez mais irão gerar oportunidades e eventos como o congresso ajudam a entender o contexto onde a tecnologia e a inovação são aplicadas para o desenvolvimento de soluções e no empreendedorismo, gerando oportunidades de negócios e empregabilidade”, assinalou.
Nos três dias do congresso, palestras e a apresentação de trabalhos, contam com a participação de convidados. Na primeira palestra, Ana Cristina Wollmann Zornig, superintendente da Secretaria de Planejamento e Administração de Curitiba, falou sobre a experiência da capital paranaense.
Na palestra “Os desafios das Cidades Inteligentes”, detalhou como a gestão pública pode fazer a transição de modelos tradicionais para uma condição mais sustentável. Ela defende que pensar em mobilidade elétrica, no conceito de uma cidade inteligente, é importante, mas como solução definitiva para resolver os problemas de mobilidade.
“O maior desafio é reinventar a lógica dos sistemas e serviços que formam a mobilidade urbana, não só com um transporte que ofereça maior atratividade aos usuários, mas com alternativas de deslocamentos”, pondera. Para ela, o conceito de cidade inteligente passa pela habilidade da gestão mapear seus ativos e entender os seus desafios, permitindo que eles se conectem para alcançar as soluções que os seus cidadãos precisam.
Assessora de investimento no IPPUC (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba) e membro do grupo de trabalho regional do Zero Emission Bus Rapid-deplyment Accelerator, Ana Cristina disse que vem implementando ações visando atingir a meta de neutralidade na emissão de carbono estabelecida no pacto global para até 2050. Ela detalhou iniciativas que pretendem contribuir com o objetivo, que incluem um inventário permanente de dados sobre os efeitos da carbonização gerada pelo transporte veicular (coletivo e individual) na geração do efeito estufa na cidade, estimular iniciativas de mobilidade ativa e sustentável, com intermodalidade e o uso de bicicletas, de patinetes e carros compartilhados, que complementam o serviço de ônibus, entre outras medidas.
“Uma nova governança frente aos compromissos globais, que promova ao mesmo tempo a sustentabilidade climática e a inclusão social”, observou.
Laryssa Tarachucky, idealizadora e coordenadora do projeto Laboratório de Inovação Cidadã do Centro de Inovação (LabIC Novale), falou sobre 20 horas, palestra “Os Impactos Sociais em uma Cidade Inteligente”, apresentando como o modelo de gestão participativa, em que as pessoas podem interagir na busca de soluções para o município, se mostra eficaz para torná-la mais atraente para os seus moradores. Por meio da tecnologia digital, explica, o projeto desenvolvido em Jaraguá do Sul tem como objetivo melhorar áreas como mobilidade e nos serviços públicos, gestão da saúde, educação e segurança, por exemplo. “Há um envolvimento do cidadão na vida pública, em processos de tomadas de decisão para o planejamento do que pode ser feito para melhorar a vida das pessoas”, afirma.
Ao abordar o tema “Benefícios em uma cidade inteligente”, Jean Vogel, presidente da Câmara de Smart Cities da Fiesc, ressaltou a importância de se pensar em primeiro lugar nas pessoas. “Cidades inteligentes, muito mais do que tecnologia são as pessoas, é planejamento”, destaca. A economia cada vez mais digital faz com que o ambiente de negócios e os modelos destes negócios sejam modificados.
“Exige uma cultura de inovação e de compartilhamento do conhecimento, onde o ativo mais importante são as pessoas. Uma cidade inteligente é aquela que tem uma cultura empreendedora, de planejamento e gestão, com capacidade de criar condições para a formação, atração e retenção de talentos, gerando novos negócios. Cidades que são hábeis em desenvolver esta capacidade, com uma economia diversificada e empresas de alta tecnologia, são ricas”.
Na palestra que completou a agenda do primeiro dia do congresso, o engenheiro mecânico Kauá Aquino Abrahão, falou sobre “A contribuição dos Transportes Inteligentes para as Cidades”, que completou a agenda do primeiro dia. Aluno da primeira turma de MBI em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis do UniSENAI de Jaraguá do Sul, ele disse em um cenário em que o Brasil busca atingir a neutralidade na emissão de carbono impõe necessariamente o aumento da eficiência de modais de transporte, com veículos menos poluentes, uso de biocombustíveis e a renovação da frota automotiva.
“O perfil de veículos de transporte pesado para o transporte de cargas no Brasil têm idade média de 15 anos, e a renovação é muito importante para que se alcance a meta”, disse, citando que a parceria entre empresas privadas e públicas, com incentivos para a produção destes veículos com maior eficiência energética é fundamental.
Programação segue até sexta-feira
O 1o Mobicit – Congresso Nacional de Mobilidade Elétrica e Cidades Inteligentes prossegue até esta sexta-feira no Instituto Eggon João da Silva. Confira a programação:
Dia 29, quinta-feira
18h40, mini talk “A contribuição da indústria para a Sustentabilidade e Mobilidade”, com Daniel Marteleto Godinho, diretor de Sustentabilidade e Relações Institucionais da WEG.
19h10, mini talk “A Mobilidade Elétrica em Santa Catarina”, com Adriano de Andrade Bresolin, professor do Departamento de Eletrotécnica do IFSC e coordenador do Projeto de Mobilidade Elétrica ANEEL-IFSC-CELESC.
19h40, mini talk e case “A contribuição da formação para a Mobilidade Elétrica, o caso do MBI em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis”, com Alexandre José Araújo, coordenador técnico do IST em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis e professor do curso de MBI em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis do UniSENAI.
20h10, mini talk e case “Eletrotrac Soluções Eficientes, Desafios e Possibilidades”, com André Thiago Blanger, engenheiro mecânico e aluno da primeira turma de MBI em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis.
20h40, mini talk “A Mobilidade de Forma Global”, com Eduardo Javier Muñoz, CEO da Bravo Motor Company Brasil & Califórnia com experiência em Mobilidade Sustentável.
21h10, mini talk “Desafios na Eletrificação Automobilística”, com Valter Luiz Knihs, diretor de Sistemas Industrias & E-Mobility da WEG e curador e professor do curso MBI em Mobilidade Elétrica e Energias Renováveis do UniSENAI.
21h40, Painel com os Especialistas – “Sustentabilidade, Mobilidade e Mercado Brasileiro de Mobilidade.
Dia 30, sexta-feira
18h40, Apresentação a avaliação dos pôsteres expostos no MOBICIT.
19 horas, Apresentação dos projetos desenvolvidos no programa de pré-incubação CONNECT LAB.
21h30, Encerramento do MOBICIT, juntamente com as premiações dos trabalhos apresentados em formato de pôster, assim como as duas melhores apresentações da pré-incubadora.