Mulheres empreendedoras: quando a receita de família vira negócio de sucesso

Mais de 30 mil pães e folheados produzidos diariamente pela empresa abastecem 56 distribuidoras e alcançam estados do sul e São Paulo (Fotos: Eduardo Montecino)

Por: OCP News Jaraguá do Sul

22/11/2016 - 07:11

Por Kamila Scheineder

Já se foi o tempo em que as mulheres eram vistas como coadjuvantes no mundo dos negócios. Determinadas, inovadoras e cada vez mais qualificadas, elas já representam 31,1% dos empreendedores do País e são responsáveis pela criação de 7,3 milhões de empresas. Com um papel tão importante, a ONU (Organização das Nações Unidas) criou em 2014 o Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, comemorado em 19 de novembro. Nesta semana o OCP irá trazer uma série de reportagens especiais com empreendedoras de sucesso da região.

E foi justamente assim, seguindo os passos de outra mulher, que a empresária Angelita Renner, 48 anos, conseguiu alçar vôos mais altos.

Quando nova, Angelita costumava acompanhar admirada as habilidades da mãe na cozinha. Na época, o mercadinho de seu pai tinha como principal atrativo os doces e salgados produzidos pela matriarca da família, Elizabeth, uma cozinheira de mão cheia capaz de conquistar o mais exigente dos clientes.

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Por isso não foi surpresa quando Angelita decidiu seguir os passos da mãe: apaixonada pela panificação, a empreendedora se inspirou nas receitas da família para criar a Nevasca Alimentos, empresa do ramo de congelados, mas que tem como proposta uma produção artesanal e com gostinho caseiro.

Além do dom para a cozinha, o tino empreendedor de Angelita também é herança de casa. Criada ao lado das nove irmãs, a empresária é uma das seis mulheres da família que resolveram investir no negócio próprio. Só ela, entretanto, quis se aventurar pelo setor de alimentos.

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“Eu estava a alguns anos em casa, só cuidando dos filhos, e senti vontade de fazer algo novo. Minha mãe era uma grande inspiração, então resolvi colocar a mão na massa, literalmente”, conta a empresária, que é natural de Itapiranga.

Planejamento é feito de acordo com a demanda do mercado

Ao lado de uma amiga, Angelita começou a produzir os salgados em casa, de maneira totalmente artesanal. O investimento inicial foi pequeno: com um freezer, uma balança e uma pequena máquina de corte, a produção foi tomando corpo. E a demanda cresceu rápido.

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“Não demorou até precisarmos de uma sala maior. No começo foi difícil adequar tudo. Foi uma parceria com o centro de distribuição de um amigo que nos ajudou a ganhar ainda mais impulso. Neste ponto decidi focar na demanda do mercado, que eram os produtos congelados”, relembra a empresária.

Desde a primeira fornada na cozinha de casa até hoje já se passaram 16 anos, e o pequeno projeto de Angelita ganhou proporções muito além do esperado. Com 35 funcionários, a empresa possui uma gama de 74 produtos e produz, em média, 30 mil itens por dia. “Nosso carro chefe é o folheado de frango”, detalha. A empresa é responsável por abastecer 56 distribuidoras nos três estados do sul, além de parte do mercado paulista.

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Hoje, Angelita conta com o apoio da cunhada e sócia Sandra Kuntze, e também dos filhos Giovani e Pietra, para planejar os próximos passos da empresa. É da família também a “difícil” tarefa de experimentar os novos produtos – e deste trabalho o marido João Henrique não abre mão. “O mercado muda muito rápido e temos que pensar constantemente nos próximos passos. Temos o plano de, no ano que vem, investir na construção de uma nova sede e, no futuro, tentar o mercado externo”, afirma a empresária.

“É preciso muito amor e determinação para ter um negócio, e otimismo acima de tudo. Mas também ter confiança em si e principalmente nas pessoas que caminham ao teu lado, por que ninguém faz nada sozinho. Hoje é gratificante saber que muita gente vive desta iniciativa, e mais ainda que as pessoas se alimentam dos produtos que nós fazemos com tanto carinho”, afirma.