Em Jaraguá do Sul, apenas 1,45% dos trabalhadores têm mais de 60 anos

Foto Agência Brasil

Por: Pedro Leal

13/04/2019 - 05:04

A maioria das empresas no Brasil resiste em contratar pessoas com mais de 50 anos. Basta olhar para as mesas ao redor da sua no trabalho para confirmar.

Porém, essa realidade terá de mudar porque a tendência é de aumento gradativo da população idosa e de faltarem jovens para o mercado de trabalho.

Além disso, com mudanças no sistema de seguridade social propostas na Reforma da Previdência, como aumento da idade mínima para aposentadoria e redução nos benefícios, mais e mais idosos terão que se manter na ativa.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Federação das Indústrias de Jaraguá do Sul, datados de 2017, Jaraguá do Sul tem 945 trabalhadores entre os 60 e os 70 anos, representando apenas 1,45% do total de trabalhadores do município.

Acima dos 79 anos são pouco mais de 0,01% dos trabalhadores. Naquele ano, o município contava com um total de 64.875 trabalhadores.

Segundo dados do IBGE, em 2015 havia 16,1% de pessoas com mais de 60 anos inseridas no mercado de trabalho nacional, percentual que deve subir para 58,4% em 2060, ou seja, dentro de quatro décadas, mais da metade da população ativa será idosa.

A diretora da agência Meta RH, Viviane Morás, destaca que é perceptível o aumento da procura de emprego por parte de idosos, embora ainda seja pequena – assim como a oferta para este público.

“Hoje a demanda dos idosos  em busca de oportunidades de trabalho em nossa agência de empregos comparada pela busca pelos jovens,  ainda é baixa. Bem como a procura por parte das empresas”, explica.

Segundo a diretora, o mercado tem oportunidades para quem tem experiência e capital intelectual.

“Muitos também optam por abrir seu próprio negócio ou trabalhar com consultoria na área em que atuou ao longo de sua carreira profissional”, adiciona.

Ela frisa que os idosos aposentados buscam uma oportunidade de trabalho para melhorar a sua renda e também para terem uma ocupação, visto que muitos se encontram em excelente estado de saúde física e mental.

Aposentados, mas ainda trabalhando

Para muitos trabalhadores, a aposentadoria por tempo de contribuição não é o fim da carreira.

Este é o caso para três trabalhadores de Jaraguá do Sul: a doméstica Rosangela Vargas Kirsch, de 51 anos, da costureira Eleci Salate Leoni, de 60 anos, e do tecelão aposentado Almir Perigoda, de 57 anos.

Rosangela entrou com processo de aposentadoria em 2018 | Foto Eduardo Montecino/OCP News

Rosangela entrou com o processo de aposentadoria no fim do ano passado, mas não tem intenção de abandonar a vida profissional – só de mudar de trabalho.

“Eu vou sair do trabalho como doméstica para trabalhar junto com a minha nora, fazendo conjuntos de roupa de cama”, explica.

A idade já a obrigou a mudar de carreira: até cinco anos atrás, trabalhava como costureira, mas problemas de saúde a levaram a trocar para uma carreira onde não tivesse que ficar tanto tempo sentada.

Hoje, não sabe avaliar se conseguiria um emprego formal caso tivesse que voltar à procura. “É difícil avaliar se conseguiria emprego, a gente não sabe se o mercado vai absorver né”, comenta.

Eleci já está aposentada, mas não tem intenção de largar o emprego – a aposentadoria virou grana extra para a costureira, renda que pretende usar para voltar aos estudos.

Eleci está aposentada mas continua trabalhando | Foto Eduardo Montecino / OCP News

“Não tenho nenhuma intenção de parar, acho que a experiência e o conhecimento são coisas que ninguém tira de você, e eu gosto muito do que faço”, diz.

Quanto ao mercado de emprego, ela mantém o otimismo.

“Eu acho que conseguiria outro emprego, tem que se manter otimista, você é o que você pensa e o que você atrai, tem que se manter de cabeça erguida”, afirma.

O caso de Perigoda é o mais emblemático: Almir se aposentou por tempo de contribuição e continuou trabalhando até ser obrigado a parar após um acidente de moto em 2018.

“Se eu não estivesse aposentado eu não teria nem como voltar a trabalhar, sofri lesão no cérebro e tive que ser afastado, agora tenho problemas cardíacos decorrentes da medicação, eu nem deveria pegar ônibus, por exemplo” , lembra.

Ele nota que mesmo que estivesse em boas condições de saúde, teria receio de não ser contratado novamente – e que se não tivesse a aposentadoria, não teria como se sustentar.

Perigoda também se aposentou mas continuou trabalhando, até ser obrigado a parar Foto Eduardo Montecino/OCP News

“Eu não tenho como voltar ao mercado de trabalho, e acho que se estivesse saudável, ainda assim ia ser difícil conseguir emprego, por conta da idade. As empresas não contratam”, diz.

 

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