Frigoríficos de Mato Grosso do Sul decidiram suspender a produção de carne bovina destinada aos Estados Unidos após o ex-presidente Donald Trump anunciar uma tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros. A informação foi confirmada pelo governo estadual e pelo Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados de Mato Grosso do Sul (Sincadems). A produção nacional segue inalterada.
De acordo com Alberto Sérgio Capucci, vice-presidente do Sincadems, a medida é uma decisão logística com o objetivo de evitar o acúmulo de carne que não poderá ser vendida ao mercado norte-americano. “A produção de carne foi paralisada apenas naqueles setores específicos para produção aos EUA. Se eu produzir e enviar carne hoje, a carga chegará aos EUA já com a tributação adicional. A taxação causou inviabilidade financeira para os produtores”, afirmou Capucci.
Ao menos quatro frigoríficos do estado já interromperam as atividades voltadas aos Estados Unidos: JBS, Naturafrig, Minerva Foods e Agroindustrial Iguatemi. A Associação Brasileira de Exportadores de Carne (Abiec) também confirmou uma queda significativa no fluxo de produção com destino ao mercado norte-americano.
Os Estados Unidos são o segundo maior comprador da carne bovina brasileira, responsáveis por cerca de 12% das exportações do setor, atrás apenas da China, que responde por 48% das compras, segundo dados do Ministério da Agricultura.
Apesar da paralisação, a produção nacional não deve ser afetada. A tendência, segundo o analista Fernando Henrique Iglesias, do Safras & Mercados, é que os frigoríficos redirecionem a carne para outros países. “Os frigoríficos vão tentar redirecionar esse produto para o mercado internacional para não gerar um efeito tão negativo. A nossa sorte é que tem mais de 100 países comprando carne do Brasil”, avalia. A expectativa é de um aumento nas exportações para o mercado asiático.