A draga Galileo Galilei, uma das mais modernas do mundo, já está na Baía da Babitonga aguardando para iniciar os trabalhos de aprofundamento e alargamento do canal de acesso ao Complexo Portuário da Babitonga, no Norte do Estado.
As obras devem começar nos próximos dias, com previsão de conclusão para o segundo semestre de 2026.
O projeto de R$ 333 milhões prevê o aumento do calado de 14 para 16 metros, possibilitando a atracação de embarcações com até 366 metros de comprimento. Assim, a Babitonga se torna o primeiro complexo portuário do Brasil com capacidade para receber navios desse porte, com carga máxima.
Engordamento da praia
Uma característica inovadora da obra é a destinação dos sedimentos retirados do mar, já que 6,5 milhões de metros cúbicos de areia serão usados para o engordamento da orla de Itapoá (mais da metade do material dragado, que é de 12,5 milhões de metros cúbicos).
O objetivo é o alargamento de 8 quilômetros da faixa de areia da cidade, no que é considerada a maior obra de engordamento de praia da história do país, em extensão.
Também será a primeira vez no Brasil que os sedimentos de uma dragagem portuária terão esse destino.
Parceria Público Privada
A obra foi viabilizada por meio de uma parceria inédita entre os portos de São Francisco do Sul e Itapoá. Pela primeira vez no Brasil, um porto público firma contrato com um porto privado para a realização de uma obra desta natureza, que será executada por meio de uma Parceria Público Privada (PPP): o porto público de São Francisco aportará R$ 33 milhões e o terminal privado Itapoá, R$ 300 milhões.
O investimento privado será devolvido de modo parcelado até 2037, aproximadamente 11 anos após o fim da obra. O ressarcimento para Itapoá será em cima do adicional de tarifas portuárias geradas pelo acréscimo no número de navios que atracarem no porto e pelo aumento no volume de carga movimentada, a partir da conclusão da obra de aprofundamento.
Fiscalização
As empresas Geplan e Prosul foram selecionadas, por meio de licitação pública, para fiscalizar a obra, no valor de R$ 9 milhões. Além de acompanhar todas as etapas da obra, terão a responsabilidade de realizar uma análise detalhada de cada fase, incluindo a compatibilidade dos sedimentos depositados na praia, bem como a fiscalização da modelagem topográfica da área a ser alargada.
As empresas ainda irão monitorar a parte aquática da obra, assegurando que as cotas de aprofundamento e alargamento do canal de acesso sejam realizadas de acordo com as especificações técnicas previstas.
Repercussão
De acordo com o presidente do Porto de São Francisco, Cleverton Vieira, esta obra de dragagem será a maior em andamento no país. “O modelo adotado é resultado de um debate coordenado pelo Ibama, construído com base na relação de confiança entre as instituições envolvidas”, afirma.
“O Porto de São Francisco do Sul está conduzindo um dos mais significativos projetos de infraestrutura portuária e gestão ambiental do Brasil”.