A procura por atendimento no Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) de Jaraguá do Sul praticamente dobrou este ano, na comparação com o ano passado. Segundo números da entidade, entre janeiro e setembro deste ano foram realizados em média 20,9 atendimentos por dia no local, frente a uma média de 12 atendimentos diários em 2015. No total, já foram 5.729 atendimentos realizados na região – neste ritmo, a entidade deve chegar ao fim do ano com mais de sete mil pessoas assistidas.
O cenário é uma amostra de como o empreendedor local está cada vez mais preocupado com a gestão do negócio, avalia a analista técnica do Sebrae de Jaraguá do Sul, Zenilde Balsanelli. Em momentos de crise, o preparo para enfrentar as incertezas pode ser a diferença entre a sobrevivência e a perda do negócio, e o empreendedor está mais consciente desta equação.
“Há uma tendência crescente de procurar uma capacitação antes da abertura do negócio. É claro que ainda existe quem abra o negócio pela oportunidade, mas mesmo essas pessoas vêem depois que a maneira como a empresa anda depende da receptividade do mercado. A crise muda o comportamento do consumidor. É preciso saber se adaptar, rever o rumo da empresa, se alinhar com o mercado e encontrar oportunidades”, afirma Zenilde.
Este movimento, segundo ela, parte tanto de quem pretende iniciar um negócio, quanto de quem já está no mercado, mas procura mais aderência à realidade do seu setor. A empreendedora Dirce Schmitz, de 51 anos, é um bom exemplo de como o preparo e o conhecimento podem fazer diferença na hora de abrir um negócio. Profissional do comércio desde os 18 anos de idade, Dirce sempre sonhou ter o negócio próprio, mas preferiu ir atrás do sonho com os pés no chão.
“Eu comecei a planejar a um bom tempo, guardando um pouco de dinheiro. Fui aos poucos me organizando, comprando os móveis e produtos. Quando sai do meu emprego, resolvi abrir a loja na minha própria casa para economizar no aluguel. Foi então que procurei o Sebrae, pra entender melhor como funciona, saber interagir nas compras, a trabalhar com nota fiscal, a fazer a parte da gestão. Isso me motivou muito”, relata a empreendedora, que é proprietária da loja Nina Modas, no bairro João Pessoa.
Entidade incentiva a compra nos pequenos negócios
Além de ser considerado o Dia da Micro e Pequena Empresa, hoje (5) também é o dia oficial do Movimento Compre do Pequeno Negócio. Criada em 2015, a iniciativa do Sebrae tem como objetivo estimular a sociedade a consumir produtos e serviços fornecidos por micro e pequenos negócios, que hoje já somam mais de 600 mil empresas ativas em Santa Catarina, segundo o Empresômetro MPE.
Por meio do hotsite www.compredopequeno.com.br, o empresário pode cadastrar a sua empresa em um banco dados para que o consumidor encontre produtos e serviços que precisa perto de sua casa ou trabalho. Segundo o Sebrae, 95% das empresas catarinenses são de micro e pequeno porte. Juntas, elas respondem por 35,1% do PIB do Estado, gerando R$ 62 bilhões para a economia e fornecendo 52% dos empregos formais.
Planejamento é fundamental para empreender
Segundo Dirce, a lição mais importante aprendida durante as consultorias é saber separar os ganhos da loja com os investimentos na vida particular. “Este é um erro comum e desta forma eu pude organizar as coisas para garantir que a loja possa crescer”, destaca a empreendedora. “Sou da opinião de que é melhor crescer devagar, mas de forma saudável. E para isso buscar ajuda é muito importante”, aconselha ela. Só este ano, o Sebrae da região ofereceu mais de 140 capacitações, entre cursos, oficinas, palestras e consultorias agendadas individualmente.
De acordo com Zenilde, as pequenas empresas são hoje uma parte crucial da economia nacional e na região não é diferente. “Elas não somente fazem o dinheiro circular no município como são prestadoras de serviço para as médias e grandes empresas, se relacionando com toda a cadeia e trazendo novas demandas”, explica.
Segundo dados do Empresômetro MPE, Jaraguá do Sul conta hoje com mais de 13,5 mil empresas de pequeno porte, que representam 91,3% das empresas ativas da cidade. A grande maioria delas (4,5 mil) é dos setores de comércio e reparação de veículos e motocicletas. Outras 2,4 mil atuam na indústria da transformação e 1,2 mil no setor de construção civil. Nos cinco municípios da região, são mais de 20 mil pequenos negócios ativos.
“O que ainda falta dentro dos pequenos negócios é o planejamento estratégico. A grande maioria faz este trabalho somente no início e depois esquece de dar continuidade. Quando se sabe para onde ir e onde se quer chegar as chances de ser bem sucedido são muito maiores. Vale a pena buscar esse preparo para garantir a saúde do negócio”, aconselha Zenilde.
