Dia após dia, ajustam-se os preços dos combustíveis

(Foto: Eduardo Montecino)

Por: Pedro Leal

20/12/2017 - 05:12 - Atualizada em: 20/12/2017 - 10:45

Grandes ajustes no preço dos combustíveis, mais palpáveis e mais alardeados, não são as únicas alterações nos valores dos derivados de petróleo: desde julho, a Petrobras tem feito ajustes quase diários nos valores repassados às refinarias e às distribuidoras, ora aumentando ora reduzindo os valores. Só nesta semana, já foram dois ajustes. Na terça-feira, a gasolina subiu 0,4% e o diesel desceu 0,7%. Hoje, diesel sobe 1,4% e a gasolina desce 2,2%.

Esses pequenos ajustes, com menos destaque do que as grandes revisões do preço dos combustíveis, se aplicam diretamente às distribuidoras, e segundo o presidente do Sindipetro-SC (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo), Reinaldo Francisco Geraldi, não são necessariamente refletidas nas mudanças nas bombas – que podem terminar maiores do que o anunciado pela Petrobrás. “Como são as distribuidoras as responsáveis por repassar o valor para os postos de combustíveis, esses reajustes podem ser iguais ou superiores aos anunciados pelo Petrobras”, explica Geraldi, ressaltando que cabe aos postos a decisão de acompanhar ou não o reajuste.

Ele também nota que a redução nas refinarias nem sempre é repassada aos postos, por diversos fatores – entre eles os preços do Etanol Anidro, responsável por 27% dos preços da gasolina comum, em alta devido à entressafra da cana-de-açúcar. Além dos custos materiais, caem nos cálculos de preço dos postos as despesas administrativas e imobiliárias.

A entidade destaca que os postos, como o último e mais visível elo da cadeia de combustíveis, acabam levando a culpa pelos aumentos e que a transparência quanto aos ajustes é importante para combater essa percepção.

Para os varejistas, ajustes resultam em custos adicionais

Além do preço do produto em si, a política de ajustes da Petrobras tem incorrido em custos administrativos e um aumento na complexidade logística dos postos, afirma Paulo Chiodini, presidente da rede de postos Mime. Segundo o empresário, com as mudanças praticamente diárias, os custos administrativos aumentam e o controle de inventário se torna mais complexo.

E isso acaba se refletindo nos preços para o consumidor final. “A gente precisa de mais gente para fazer o controle, e isso resulta em mais custos para operação, o que acaba no fim das contas se refletindo no preço”, diz. Para o varejo, as alterações constantes no preço acabam por exigir atenção redobrada para chegar a um preço médio para a venda.

Ao longo do ano, a nível nacional, o preço da gasolina acumulou alta de 7,89%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).  Chiodini ressalta que o ano se abriu com os combustíveis em alta e que desde junho, os aumentos acumulados chegam à faixa dos 20%.

Política revista em julho ainda gera incertezas

A política de preços da Petrobras foi revista em julho, com alterações quase diárias no preço dos combustíveis para as distribuidoras. Os ajustes são pautados nas flutuações do mercado petroleiro e nas cotações do dólar. Embora nem sempre se reflitam na bomba, causam repercussões no processo inflacionário, pois elevam os custos logísticos todos os setores da economia, em um efeito cascata. Os ajustes sobre o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) seguem mensais.

“Praticamente todo dia o preço está alternado nas distribuidoras e automaticamente, isso se reflete nos postos”, diz Chiodini. Apesar das complicações adicionais, o empresário vê com bons olhos a política de preços, embora com ressalvas. “Eu acho que é o correto seguir as cotações do dólar e do barril de petróleo. Mas acho que essa mexida tinha que ser semanal ou quinzenal”, explica, destacando que as revisões constantes tem provocado muitas dúvidas ao longo da cadeia, particularmente no varejo.

Um dos efeitos secundários que mais toca o bolso da população é nos preços com o transporte público. Com o aumento das despesas de combustível, sobe a pressão para aumentar a tarifa. Na cadeia produtiva, são afetados os gastos com produção, transporte de mercadorias e condução de pessoal, e em consequência, os preços finais também aumentam. Em média, 5% do preço das mercadorias no Brasil corresponde aos custos com frete.

Ajustes da Petrobras – últimos quinze dias

DIESEL

05/12 – + 0,7%

06/12 – -1,4%

07/12 – + 0,1%

08/12 – – 2,2%

09/12 – + 3,6%

12/12 – + 1,8%

13/12 – + 1,0%

14/12 – – 0,1%

15/12 – – 2,0%

16/12 – + 1,2%

19/12 – -0,7%

20/12 – + 1,4%

 

GASOLINA

05/12 – – 1,3%

06/12 – -0,1%

07/12 – + 2,1%

08/12 – 0%

09/12 – + 1,3%

12/12 – + 1,4%

13/12 – + 1,1%

14/12 – + 2,5%

15/12 – – 2%

16/12 – + 0,1%

19/12 – +0,4%

20/12 – -2,2%