A derrubada do chamado “Orçamento Secreto” não deve perdurar, avalia a corretora de investimentos Warren Renascença, com análise direto de Brasília.
Embora o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha dito que a derrubada das “emendas de relator” inaugura uma nova fase na relação entre governo e o congresso, na expectativa de aprovação da PEC da transição, a avaliação da Warren é que não deve demorar para que as emendas voltem com outro nome.
Em coletiva na manhã desta segunda-feira, Haddad afirmou que “Todas as vezes que nós sentamos no Congresso tivemos êxito… o Congresso tem demonstrado boa vontade para resolver o problema que foi causado. Tanto do ponto de vista do déficit quanto do ponto de vista da dívida”.
Ele anunciou mais dois nomes para o futuro governo: Analize Ruas de Almeida como procuradora-geral da Fazenda Nacional e Gustavo Caldas como subprocurador-geral da Fazenda Nacional.
Apesar de as últimas decisões do STF (emendas secretas e Bolsa Família fora do teto) poder impactar as negociações em torno da PEC da Transição, Fernando Haddad ainda manteve o discurso de que a aprovação da proposta é um caminho a ser perseguido.
A decisão de Gilmar Mendes, de retirar o Bolsa Família do teto de gastos, não enfraquece a tramitação da PEC, que ainda é vista como prioritária para o governo eleito.
Ela cria, porém, uma rede de proteção para garantir pelo menos o pagamento do Bolsa Família em um cenário desfavorável para Lula.
“A decisão pode servir também para contrabalancear as pressões e barganhas colocadas pelo Centrão – principalmente por Arthur Lira – para seguir com a aprovação do texto no Congresso”, avalia a Warren. “Uma vez liberado um plano B para o orçamento, cai o preço dessas articulações políticas.”
“Sobre a questão das emendas secretas. Nos últimos dias, ouvimos por diversas vezes dentro do Congresso que se o STF julgasse desfavoravelmente às RP9, outras alternativas seriam apresentadas pelas principais lideranças das duas Casas”, complementa a avaliação.