No primeiro sábado de julho, o mundo celebra o Dia Internacional do Cooperativismo, uma data que destaca não apenas uma forma de organização econômica, mas um movimento global enraizado na solidariedade e na busca por justiça social desde o século XIX. Surgido em resposta às desigualdades da Revolução Industrial na Europa, o cooperativismo viu sua primeira manifestação moderna na Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, fundada em 1844 na Inglaterra.
Esse grupo de tecelões e outros trabalhadores criou uma loja cooperativa onde podiam comprar mercadorias a preços acessíveis e justos, evitando a exploração por parte de comerciantes e intermediários.
O sucesso da Sociedade de Rochdale inspirou a formação de cooperativas em diferentes setores e países. Logo, agricultores, pescadores, artesãos e diversos outros grupos adotaram o modelo cooperativo para obter vantagens econômicas e sociais. A ideia central era simples: unir-se em cooperação, compartilhando recursos e decisões para alcançar objetivos comuns de forma mais eficiente e equitativa.
Desde então, o modelo cooperativista se expandiu vigorosamente pelo mundo, incluindo Santa Catarina, onde hoje ele desempenha um papel crucial na economia local. Com 249 cooperativas registradas em 2023, o estado destaca-se como um dos principais expoentes do cooperativismo no país. Segundo Vanir Zanatta, presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc), a recente adição de uma nova cooperativa elevou o número para 250.
“As cooperativas de Santa Catarina movimentam impressionantes R$ 85,3 bilhões em receitas anuais”, revela Zanatta. “Além de contribuir significativamente para a economia, nossas cooperativas proporcionam 93.500 empregos diretos e pagam R$ 3,4 bilhões em impostos, um reflexo claro da sua importância para a sociedade catarinense.”
Os benefícios do cooperativismo vão além dos números econômicos. Zanatta destaca que mais de 4,2 milhões de catarinenses são cooperados, o que equivale a mais da metade da população do estado. Esse modelo cooperativo não só promove eficiência econômica e melhores condições de vida, mas também fortalece as comunidades locais ao manter recursos e decisões dentro da região. “Quando surge uma crise, seja financeira ou de outra natureza, o dinheiro circula na comunidade de maneira mais rápida e eficiente, contribuindo para a sua recuperação mais ágil”, explica o presidente da Ocesc.
Zanatta enfatiza que o cooperativismo não se restringe apenas ao setor econômico, mas também é um exemplo de equilíbrio entre capitalismo e comunismo. “É uma forma eficaz de redistribuição de renda, onde a decisão sobre investimentos e empréstimos é tomada localmente, por membros da própria comunidade, não por grandes entidades financeiras distantes.”
* Reportagem especial de Edson Padoin do Portal TNSul