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Conta de Luz catarinense terá ajuste 2,3 vezes maior que a inflação

Foto: Eduardo Montecino/Arquivo OCP

Por: Pedro Leal

19/08/2025 - 21:08 - Atualizada em: 19/08/2025 - 21:23

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou nesta terça-feira (19) o reajuste anual nas tarifas da Celesc, autorizando um aumento de 12,3% na tarifa de consumidores residenciais – o reajusta entra em vigor na próxima sexta-feira (22).

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Para consumidores de baixa tensão (principalmente comércios e pequenas indústrias), o aumento médio será de 12,41%. Já para alta tensão (grandes indústrias), será de 15,8%.

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O reajuste é 2,3 vezes maior do que a inflação acumulada em 12 meses, que foi de 5,23%, segundo cálculo pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e quase o triplo do aumento do ano passado, quando foi de 4,19% para consumidores residenciais.

Em nota, a Celesc informou que o reajuste é “abaixo da média nacional e segue acompanhando a inflação”. Segundo a empresa, o fator que mais pesou para o reajuste “foi o aumento dos encargos setoriais, que não são controlados pela Celesc, são repassados obrigatoriamente aos consumidores e não ficam com a distribuidora catarinense”.

O que diz a Celesc

“A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) publicou nesta terça-feira (19) o reajuste anual da tarifa da Celesc. O aumento médio para os consumidores será de 13,53%, válido a partir do dia 22 de agosto de 2025 em toda a área de concessão da distribuidora. Sem os encargos setoriais, que não ficam com a companhia, a atualização no valor da tarifa de energia seria de 5,67%.

Mesmo com o reajuste, a tarifa residencial da Celesc continua abaixo da média nacional e segue acompanhando a inflação. O novo valor acumulado também está inferior ao IGPM — índice que mede a variação dos custos para o produtor, consumidor e construção civil —, considerando os últimos quatro anos.

Reajuste por tipo de consumidor

O aumento nas tarifas é diferente de acordo com o perfil de consumo:

Residências comuns (mais de 90% dos clientes da Celesc): 12,3%
Clientes do Grupo A (alta tensão – grandes indústrias): 15,8%
Clientes do Grupo B (baixa tensão – pequenos comércios e áreas rurais): 12,41
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Parcela A: montante arrecadado na fatura, mas que a Celesc apenas repassa a outros agentes do setor, como geração e transmissão da energia, além de encargos setoriais.
Parcela B: montante que cobre os custos operacionais da própria Celesc, como manutenção da rede, investimentos e custos operacionais.
Hoje, de cada R$ 100 pagos na conta de luz, somente R$ 15,80 ficam com a Celesc para cobrir seus custos e investimentos.
Principais motivos para o aumento

A maior parte do reajuste homologado este ano foi causada por aumentos nos encargos setoriais, que fazem parte da Parcela A e não são controlados pela Celesc. Esses encargos são repassados obrigatoriamente aos consumidores, conforme definido por normas do setor elétrico.

A Parcela B, referente às despesas operacionais e de infraestrutura da Celesc, teve impacto de apenas 1,04% no reajuste médio.

O principal fator que pressionou a tarifa em 2025 foi o aumento de 36% no valor da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), em relação ao valor de 2024. Esse fundo federal financia diversos programas e subsídios do setor elétrico, como:

Incentivos para fontes renováveis
Programa Luz para Todos
Descontos na transmissão de energia
Subsídios para regiões isoladas sem conexão com o sistema nacional
Além disso, medidas provisórias do Governo Federal também contribuíram para a elevação das tarifas:

A MP 1.232 ampliou os custos cobertos pela CDE.
A MP 1.300 aumentou benefício para as famílias atendidas pela Tarifa Social.
A MP 1.304 alterou o modelo de arrecadação da CDE, criando um teto, mas sem reduzir imediatamente os custos.
Vale lembrar que, em 2023, os consumidores industriais tiveram uma redução média de 0,81% na tarifa, enquanto os residenciais receberam um reajuste de 3,64%, abaixo da inflação do período, que foi de 3,99%.

Já em 2024, o reajuste foi de 0,75% para clientes industriais e de 4,19% para residências, pequenos comércios e consumidores rurais (baixa tensão), resultando em um aumento médio geral foi de 3,02%, com uma inflação de 4,5% no período.

Portanto, o principal responsável pelo valor do reajuste tarifário estipulado pela ANEEL para o ano de 2025 foi o aumento dos encargos setoriais, que não são controlados pela Celesc, são repassados obrigatoriamente aos consumidores e não ficam com a distribuidora catarinense.”

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).