Comércio jaraguaense comemora cenário de estabilidade

Por: Gabriel Junior

25/07/2017 - 06:07

O consumidor brasileiro está cada vez mais disposto a investir a própria renda, mas este cenário ainda não é forte o suficiente para impulsionar as vendas do comércio. É o que apontam os dados de mercado divulgados recentemente pelas entidades do setor. Segundo uma pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) cresceu 1,4% no primeiro semestre, enquanto as vendas do varejo apresentaram queda de 3,2%, apontam dados do Boa Vista SPC.

Os números indicam ainda que, mesmo diante dos entraves políticos, a intenção de consumo do brasileiro cresceu 12,5% nos últimos doze meses, uma amostra clara de que o consumidor está cada vez mais otimista em relação aos avanços da economia. Só na região Sul o crescimento chegou a 18,5%. Nada disso, entretanto, fez com que o consumidor colocasse a mão nos bolsos e retomasse efetivamente os níveis de consumo, avalia o presidente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas de Santa Catarina (FCDL/SC), Ivan Roberto Tauffer.

Segundo ele, entre janeiro e junho as consultas ao SPC de Santa Catarina caíram 1,83%, frente ao ano passado, o que indica uma redução na oferta de crédito motivada pela alta taxa de juros. Este cenário, avalia Tauffer, é negativo, especialmente quando somado ao receio que muitos consumidores ainda apresentam na hora de comprar. Como reflexo, o desempenho do setor ficou abaixo do esperado no semestre.

Para o presidente da FCDL/SC, a expectativa do setor é de que a aprovação de reformas tidas como fundamentais pelo mercado, como a trabalhista, por exemplo, e a chegada de datas comemorativas relevantes do segundo semestre, como Natal e Dia das Crianças, ajudem a dar um novo impulso para o setor.

COMÉRCIO JARAGUAENSE COMEMORA CENÁRIO ESTÁVEL

Em Jaraguá do Sul, o cenário é de estabilidade e avanços tímidos, segundo indicam os próprios comerciantes. Boa parte deles prefere encarar a situação com otimismo, como é o caso do proprietário de uma loja de roupas masculinas do Calçadão, Gelson Gaist Aloraldo.

“Em geral avalio que o semestre foi ok, não posso me queixar. É claro que não vamos alcançar patamares de anos atrás, quando estávamos na era de ouro do comércio, mas pelo menos o cenário é melhor do que do ano passado e dá sinais de que deve continuar a melhorar”, avalia o empresário, que atua a 20 anos no varejo.

Foto Eduardo Montecino

O segredo para se manter otimista, segundo Aloraldo, é estar preparado para as adversidades. “Quem não revê seus custos não consegue manter o negócio. Sem aumento nas vendas, é preciso reinventar a roda, se qualificar, saber comprar bem para poder vender bem, conquistar o cliente no preço”, aconselha. “O varejista precisa ter em mente que este não é um período para crescer, e sim para pagar as contas e sobreviver. Assim quando a economia voltar a rodar estará pronto para crescer”, salienta.

Para o empresário do setor calçadista, Vanderlei Passold, após três anos de queda, a percepção é de que 2017 trouxe estabilização ao varejo jaraguaense. “Há uma pequena recuperação, muito tímida, mas pelo menos não estamos mais em queda. É uma amostra de que o mercado está se esforçando para se readequar”, opina ele. Segundo Passold, tantas intempéries provocaram mudanças no consumidor, que hoje está muito mais seletivo e informado do que anos atrás.

“O consumidor ampliou sua gama de interesses e com isso diluiu seu poder de compra. As vendas online crescem em ritmo rápido e com um smartphone em mãos o cliente pode pesquisar qualquer coisa. É crucial que o varejo esteja preparado para isso”, destaca o empresário. Uma pesquisa da CDNL e do SPC Brasil mostram que 89% dos internautas realizaram ao menos uma compra online este ano e que 43% dos brasileiros começaram a comprar mais pela internet este ano.

Segundo o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Jaraguá do Sul, Gabriel Seifert, apesar de estar mais cauteloso em suas escolhas, o consumidor está frequentando o comércio, nem que seja para pesquisar preços ou avaliar alguma compra. Segundo ele, o movimento em cresceu exponencialmente este ano, o que não deve levar a grandes resultados, mas sem dúvida será suficiente para atingir algum avanço, mesmo que discreto. “A agenda econômica está sendo trabalhada, apesar de crise política. Algumas decisões retardaram a recuperação, mas pelo menos há alguma evolução”, afirma.

Por Kamila Schneider