A instabilidade econômica e as altas taxas de desemprego estão estimulando uma mudança de comportamento nos consumidores locais, aponta a CDL (Câmara de Dirigentes Lojistas) de Jaraguá do Sul. Cada vez mais, os jaraguaenses estão optando pelo pagamento à vista, sempre que o orçamento permite, e estão mais cuidadosos no controle das despesas do lar.
A análise foi feita pelo diretor de SPC e serviços da entidade, Martinho Lehnert, com base na experiência do comércio local e nos dados vinculados ao Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). Segundo Lehnert, em julho deste ano, foram feitas 14.460 consultas ao sistema de informações de crédito, uma queda de 16% em relação a julho do ano passado, quando foram realizadas 17.266 consultas.
“A queda está relacionada principalmente a esta mudança do consumidor, que além de comprar menos está optando mais pela compra a vista ou em curto prazo, tornando assim desnecessária a consulta ao SPC”, analisa Lehnert. O cenário acompanha o movimento sentido no Estado, que também registrou queda de 5,8% nas consultas de julho, frente ao mesmo mês do ano passado.
“Vemos também que o consumidor está cuidando mais das suas contas. O brasileiro é conhecido por comprar muito por impulso e o varejo nota diminuição neste quadro. O consumidor está se autodisciplinando”, avalia Lehnert.
Segundo pesquisa do SPC Brasil e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 85,9% dos brasileiros se viram obrigados a ajustar o orçamento doméstico por conta da crise econômica este ano.
Inadimplência está caindo
Segundo dados do SPC Brasil, a inadimplência vem caindo no Brasil nos últimos meses. Em julho, cerca de 200 mil consumidores brasileiros saíram da situação de inadimplência, a terceira queda seguida este ano. Ainda assim, 58,9 milhões de pessoas estão negativadas no sistema de avaliação de crédito, o que representa 39,5% da população adulta do País, número considerado pelo SPC Brasil como extremamente elevado.
Conforme Lehnert, em Jaraguá do Sul a situação tem se mantido estável: em julho, a inadimplência teve queda de 0,07% na comparação com junho, o que na prática representa uma constância no índice. Em junho, a retração na inadimplência foi de 1,54%, frente a maio deste ano.
Apesar do cenário considerado positivo, a CDL preferiu não divulgar o número total de inadimplentes existentes atualmente no município. Em julho do ano passado, dado mais recente repassado pela entidade, 20.512 pessoas estavam inadimplentes, com 44.355 parcelas em atraso.
“Pesquisas da Fecomércio indicam que 53% dos brasileiros estão endividados e que 18% deste público não sabe como vai pagar. Ainda assim, o cenário indica que a inadimplência deve cair nos próximos meses, até por influência deste novo comportamento do consumidor”, aponta Lehnert. “As vendas também mostram leves sinais de melhora. Esta recuperação, porém, deve ser lenta e mais significativa a partir do ano que vem”, complementa.
