Confiança do consumidor fecha 2017 estável; Empresariado vê indicador como sinal de recuperação

Presidente da CDL, Gabriel Seifert diz que abertura de vagas temporárias no comércio é oportunidade para se efetivar | Foto Eduardo Montecino/OCP

Por: Pedro Leal

16/01/2018 - 17:01

A confiança do consumidor encerrou 2017 ainda baixa, porém estável, segundo dados divulgados nesta segunda-feira (15) pelo SPC Brasil e a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL).  O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) fechou dezembro em 40,9, contra os 41,9 que media em janeiro de 2017. Na medição da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ICC fechou dezembro em 86,4 pontos, contra os 79,3 de janeiro, com queda de 0,4 ponto de novembro para dezembro. A diferença de pontuação se deve a diferenças metodológicas.

O indicador mede a percepção quanto à economia, o futuro e as finanças pessoais. Quanto menor o valor, maior o predomínio de perspectivas negativas quanto ao futuro da economia. Segundo o SPC Brasil, 82% dos consumidores avaliam o atual momento da economia de forma negativa. Segundo o presidente da Associação das Micro e Pequenas Empresas  e do Empreendedor Individual do Vale do Itapocu (Apevi), Marciano Alves, o dado é significativo, mas a desconfiança do consumidor não reflete o otimismo crescente do empreendedor. “Hoje temos perspectivas de produção e de crescimento. Quando 2017 começou, não tínhamos nenhuma, quer de crescimento, de investimentos ou de produção, nada”, diz.

Para representantes do empresariado, a leve queda não é um indicador de tendência, mas um pequeno baque. “A confiança do consumidor tem se recuperado com relação aos índices que tinha em 2016. Tivemos sim uma leve queda em dezembro, como indicado pela FGV, mas estamos em recuperação”, destaca Gabriel Seifert, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Jaraguá do Sul. Seifert ressalta que o indicador da Fundação serve como um avaliador melhor de tendência por ser feito há mais tempo: o SPC só passou a acompanhar o índice em janeiro do ano passado.

Segundo Seifert, a confiança do consumidor vinha em queda de 2014, devido a vários fatores na política e no mercado nacional, tendência que começou a se reverter em 2017. “A gente consegue perceber que a economia deu uma melhorada, o consumidor está mais ativo e isso deve melhorar ainda mais em 2018”, diz. Por ora, a recuperação é tímida, com 1% de crescimento previsto para o Produto Interno Bruto (PIB) do país, o que deve traz reflexos similares para o consumo.

Crescimento não depende mais tanto da política, diz Alves

Enquanto a crise econômica – que causou queda de 3,6% no PIB em 2016 e 3,8% em 2015 – teve seus fortes laços com os rumos da política, a recuperação não depende mais tanto das decisões do governo, opina Alves. “Houve um descolamento do empreendedor com a política. É claro que os resultados eleitorais e as reformas afetam, mas o empresariado está trabalhando um pouco mais afastado dos caminhos do governo”, explica, ressaltando que se os investimentos dependerem da política, nunca “sairemos do lugar”.

Alves ressalta que a desconfiança do consumidor era de se esperar após quatro anos de retração na economia. “É uma retomada, as engrenagens estão voltando a rodar e isso demora a ser sentido. Mas eu acredito que estamos diante de um ano que será muito bom. Não teremos a euforia que tivemos em 2013, mas será muito melhor do que os últimos quatro anos”, comenta.

Desemprego lidera preocupações, segundo SPC

Segundo o indicador do SPC, o desemprego – atualmente em 12,4% – e o custo de vida são os principais fatores na perspectiva negativa do consumidor: 39% tem a taxa de desemprego a principal causa para sua visão da economia, enquanto 53% tem em suas despesas cotidianas o maior impacto sobre seu orçamento. Mesmo com a inflação sob controle, abaixo do piso da meta, 77% dos consultados pelo SPC Brasil notaram aumentos nos custos das compras de supermercado e 74,6% relataram aumentos perceptíveis nas contas de luz e nos combustíveis.

Quanto a perspectiva futura, lidera como argumento negativo a corrupção e a impunidade dos políticos (45%), seguido das medidas econômicas adotadas pelo atual governo (15%) e a percepção de que o desemprego continuará aumentando (14%). Nas visões positivas, 41% não sabe explicar as razões de acreditarem na melhora, 11% acreditam na retomada do consumo e 10% na queda dos índices de desemprego.

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