Censo do IBGE deve apontar nova realidade do setor agropecuário no país

Por: Elissandro Sutil

07/10/2017 - 11:10 - Atualizada em: 08/10/2017 - 10:55

Para atualizar os dados sobre o setor agropecuário no país, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) iniciou no dia 1º deste mês o novo Censo Agropecuário. A pesquisa vai se estender até o dia 28 de fevereiro de 2018 em todos os municípios e irá substituir as informações do último levantamento, feito há mais de dez anos.

Conforme o chefe do IGBE de Jaraguá do Sul, Marcelo Damázio, 11 pesquisadores devidamente identificados já começaram a visitar as propriedades rurais do município para colher os dados, que incluem o tipo de cultura agrícola, de lavoura, as condições do produtor e das terras, os sistemas utilizados para o plantio, entre outras informações.

Chefe do IBGE de Jaraguá, Marcelo Damázio | Foto Eduardo Montecino/OCP

Os primeiros bairros a serem visitados são Garibaldi, Nereu Ramos, Santa Luzia e João Pessoa. Segundo Damázio, dados prévios indicam que o município conta com aproximadamente 700 locais de produção destinada para venda não esporádica ou para subsistência dos agricultores. No ano de 2006, havia 949 unidades. Um cenário de queda.

Por outro lado, números levantados pela Prefeitura de Jaraguá do Sul apontam crescimento. Hoje são 3.142 propriedades rurais cadastradas no município, sendo que, destas, apenas 1.681 emitem notas fiscais de produção agropecuária e geram um lucro de cerca de R$ 50 milhões por ano. Os demais se enquadram como propriedade rural sem produção ou produção de subsistência.

O secretário de Desenvolvimento Rural e Abastecimento, Daniel Peach, pondera que uma propriedade rural pode emitir mais de uma nota fiscal, no caso de atividades diferenciadas. O setor emprega 3.664 pessoas, entre homens e mulheres contratados.

Hoje são 3.142 propriedades rurais cadastradas no município,
sendo que, destas, apenas 1.681 emitem notas fiscais de produção
agropecuária e geram um lucro de cerca de R$ 50 milhões por ano.
Os demais se enquadram como propriedade rural
sem produção ou produção de subsistência.

As principais culturas ainda são o arroz e a banana

A utilização das terras para lavouras permanentes era de 2.377 hectares há 11 anos, enquanto a temporária ficava em 1.714 hectares. O arroz e a banana lideravam em quantidade de área plantada, com 1.000 e 2.100 hectares, respectivamente. Em seguida aparecia o milho, com 200 hectares, e o palmito, com 100 hectares.

Os dados mais atuais da Prefeitura, colhidos entre 2011 e 2012, indicam que a cultura do arroz ocupava 900 hectares. A bananicultura, dos tipos prata e caturra, continuava com 2.100 hectares. A das palmáceas cresceu e estava em 200 hectares. Já a área do milho permanecia a mesma.

De acordo com o secretário Daniel Peach, os principais cultivos agrícolas da cidade são a banana, o arroz e o aipim. A raiz passou de 924 toneladas, segundo o IBGE de 2006, para 7.200 toneladas anuais, conforme informações atualizadas do município. Já as atividades pecuárias que se destacam são a avicultura, bovinocultura de corte e leiteiro, apicultura e piscicultura.

O Censo de 2006 também indicava que 10.323 pessoas moravam
na área rural de Jaraguá do Sul, considerando uma população de mais
de 143 mil pessoas em toda a cidade. Atualmente, a população rural
da cidade é de 11.711 mil, dos 170.835 mil habitantes, conforme a Prefeitura.

Desafios para manter produtividade do setor

Para o secretário de Desenvolvimento Rural e Abastecimento, Daniel Peach, o maior desafio do setor é criar alternativas tecnológicas para que os pequenos agricultores mantenham suas atividades.

Como medidas já adotadas, ele salienta a ativação da unidade de minimamente processados, no bairro Garibaldi, e do Projeto Cinturão Verde, que pretende diversificar a produção de alimentos no município e contribuir para a sustentabilidade no meio rural, além da geração de emprego e renda. “Além de implantar essas ações e capacitar os agricultores, vamos colaborar com o plantio das hortaliças e oferta no comércio local, considerando que, atualmente, 90% do consumido em Jaraguá do Sul vêm de fora. A nossa agricultura é caracteristicamente pequena e familiar”, destaca o secretário.

Outro projeto adotado é Sanear Rural, que deve instalar 180 fossas, filtros e caixas de gordura por ano entre os produtores rurais. O recurso aplicado, estimado em R$ 300 mil, é do Governo Estadual através de emenda parlamentar do deputado estadual licenciado e secretário de Desenvolvimento Econômico Sustentável, Carlos Chiodini. No total, com este programa, compra de equipamentos e demais projetos, o setor receberá o investimento de R$ 500 mil em 2017.

Conforme Peach, essas e outras ações que modernizam e estruturam as atividades agropecuárias tem como objetivo estimular a permanência dos jovens no campo. “Alguns deles, por exemplo, já trabalham na indústria, mas tem o cultivo de culturas como renda extra para o sustento. Outros dependem apenas disto”, aponta. Junto da Epagri, a secretaria busca montar um grupo de jovens rurais para integrar o conselho de agricultura e ajudar na tomada decisões.  O Censo de 2006 realizado pela IBGE apontava que da população rural, a faixa etária mais presente era dos 40 a 49 anos, com 1.651 pessoas.

“Além de implantar essas ações e capacitar os agricultores, vamos colaborar com o plantio das hortaliças e oferta no comércio local, considerando que, atualmente, 90% do consumido em Jaraguá do Sul vêm de fora. A nossa agricultura é caracteristicamente pequena e familiar”.

Daniel Peach, secretário de Desenvolvimento Rural e Abastecimento

Agricultor e presidente do sindicato, Edgar Hornburg, seguiu passos dos pais e avós, mas acredita que falta incentivo | Foto Eduardo Montecino/OCP

Entre o campo e a indústria

A rotina dividida, entre a indústria e o campo, é vista como realidade para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Jaraguá, Edgar Hornburg, para muitos jaraguaenses. O agricultor começou a trabalhar na lavoura ainda pequeno, seguindo os passos dos pais e avós.

Aos 65 anos, ele continua com o plantio de arroz, milho, aipim e feijão. “Para o produtor não tem feriado ou fim de semana, todo dia é de trabalho. Com a atuação no sindicato, chego em casa no fim da tarde e vou pra lavoura, de onde saio apenas de noite”, observa Hornburg.

Na visão do presidente, faltam medidas assistenciais e incentivos para os produtores permanecerem no campo, salientando que a agricultura é responsável por quase 23% do total do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil.

INFORMAÇÕES

Agricultura

  1. Extensão agrícola: 225 Km²
  2. Extensão rural: 402,447 Km²
  3. Principais cultivos agrícolas: Banana, Arroz, Aipim, Milho, batata doce, hortifrutigrangeiros, palmáceas, reflorestamentos e pastagens.
  4. Principais atividades pecuárias: Avicultura, Bovinocultura de Corte e Leiteiro, Apicultura e piscicultura.
  5. Nº de propriedades rurais: 3142 cadastrados na SEMDRA, onde destes 1681 emitem notas fiscais de produção agropecuária, os demais se enquadram como propriedade rurais sem produção ou produção de subsistência.
  6. População agrícola e rural: aproximadamente 7% da população municipal, ou seja: 11711 hatitantes agricola/rural
  7. Quantidade de empregos gerados: 3664 trabalhadores rurais entre homens, mulheres, jovens e adultos e empregados rurais (contratados).
  8. Outras informações que considerem importante para que conheçamos as atividades agrícolas e rurais do município.
  • Agroindústrias
  • Agricultores como agentes de preservação ambiental no maio rural
  • Produção de Alimentos e Produção de Água (programas de preservação)
  • Potencialidade para o turismo rural e de aventura.