Mercado em mutação exige novas estratégias, diz novo presidente da CDL

Por: Pedro Leal

01/02/2018 - 07:02 - Atualizada em: 01/02/2018 - 07:38

Já atuando na direção da entidade desde o começo do ano, o empresário Gabriel Seifert assume nesta quinta-feira (1º), oficialmente a presidência da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL). Diante de uma economia em recuperação, um mercado em mutação devido às novas tecnologias e o crescimento do município, e os impactos da realidade política do país, o novo presidente se vê diante aos desafios que vem com a mudança constante.

Perguntamos a Seifert o que esperar do futuro e o como a nova gestão da CDL deve lidar com os desafios que se aproximam e com os que podem vir no futuro. A queda na taxa de inadimplência – hoje em torno de 2,12% – deu segurança ao mercado, mas também pediu mais dos lojistas para atrair os clientes, cada vez mais preocupados em manter seus orçamentos em dia. Ao mesmo tempo, as redes sociais e a internet se tornaram cada vez mais um canal essencial para o comércio.

– Quais os principais desafios para a nova gestão da CDL? O que propõe para contorná-los e superá-los?

Gabriel Seifert – O mundo vem mudando em uma velocidade muito grande e o principal desafio é enfrentar essa constante mudança. Assim como as empresas, as associações têm os mesmos desafios. Nossas promoções de sorteio já são totalmente digitais e estamos aprendendo a tratar os dados coletados para que possamos entregar ao nosso associado serviços mais assertivos e condizentes com a realidade atual. Já temos programado alguns cursos de mercado digital e pretendemos capacitar o lojista para entender melhor o consumidor atual.

No âmbito municipal, temos o desafio de auxiliar o poder municipal a melhorar o ambiente para o lojista e para o consumidor. Como exemplo, redução de burocracia para abertura de empresas, melhoria do equipamento urbano (iluminação, mobiliário, arborização, jardinagem, entre outros) e melhoria em eventos, como o Natal, a Schützenfest, o Femusc, e nas atrações turísticas da cidade, como Chiesetta Alpina, parques, cicloturismo, turismo religioso e outros.

– Os últimos anos foram marcados por crise e incerteza na economia, como isso afetou o comércio em Jaraguá?

Seifert – Assim como o país inteiro, o comércio da Jaraguá do Sul teve que se ajustar. Apesar do momento ter trazido resultados ruins em termos numéricos, acredito que o aprendizado que ele deixou é grande. As empresas tiveram que olhar para dentro do seu negócio e melhorar a gestão, oferecer um atendimento melhor ao cliente e suar a camisa para enfrentar as turbulências.  As empresas cresceram em aprendizado e, agora, estão mais preparadas para a retomada, que já aconteceu em 2017 e deve continuar nos próximos anos.

– Como o consumidor jaraguaense se comportou nestes anos?

Seifert – Percebemos o consumidor mais cauteloso com o orçamento familiar, o que foi positivo em termos de inadimplência, que acabou diminuindo. Porém, isso se traduziu em desafios para os lojistas, que tiveram que ser criativos na divulgação de seus produtos, reduzir custos para entregar uma margem melhor e aproveitar ao máximo o relacionamento construído nos últimos anos. Neste último ponto, saiu na frente quem tinha contatos já cadastrados e soube aproveitá-los para ser mais assertivo na hora de comunicar.

– Quais os problemas enfrentados e as soluções buscadas pelos lojistas jaraguaenses?

Seifert – O lojista jaraguaense é muito ativo em termos de ideias e sugestões e, a exemplo de toda cidade, tem o associativismo como elo forte. A CDL de Jaraguá do Sul tem em torno de 1,3 mil associados, sendo que, além de lojas, prestadores de serviços também fazem parte dela. Além de ouvir frequentemente os associados, fizemos uma pesquisa de satisfação para ser respondida de forma espontânea. Os principais pedidos são para descentralizarmos a atuação para os bairros, ideias e sugestões de cursos e campanhas e melhorias no equipamento urbano, na segurança e na legislação municipal. É claro que mais pedidos e ideias irão aparecer durante a gestão e estaremos de prontidão para atendê-los.

– O e-commerce tem crescido intensamente no Brasil, como é essa realidade em Jaraguá?

Seifert – O número de e-consumidores vem crescendo ano a ano no Brasil e este mercado tem um potencial enorme para alcançar se olharmos para países onde ele está mais maduro, como os Estados Unidos e nações da Europa. A região Sul tem o segundo maior mercado de e-commerce do Brasil. Já em Jaraguá do Sul, percebemos que o lojista ainda possui muitas dúvidas.  Pensando nisso, já temos algumas capacitações programadas visando dar segurança para que Jaraguá do Sul abocanhe parte da receita global do mercado digital. Digo global porque você pode atingir consumidores do mundo todo. Essa é uma realidade que devemos enfrentar, pois a parcela de receita do e-commerce em relação ao total tende a aumentar consideravelmente nos próximos anos.

– As redes sociais tem cada vez mais se tornado parte do cotidiano, como isso afeta o trabalho dos lojistas em Jaraguá do Sul?

Seifert – Assim como o consumidor, a comunicação mudou muito com as redes sociais. Hoje, é difícil encontrar quem ainda não a utiliza. Por esse motivo, as redes sociais acabam tendo muita informação e, para se destacar, é necessário planejar, ser criativo e, principalmente, conseguir integrar a comunicação off-line e online para que elas se completem. Quanto mais autêntico, exclusivo e melhor o conteúdo que você comunicar, mais relevância você deve ganhar e, consequentemente, mais seguidores você terá.

– Onde se concentra o comércio jaraguaense? Que setor tem crescido mais? ruas, shoppings, online?

Seifert – O comércio jaraguaense se concentrou, durante muito tempo, na área central, que ainda conta com o maior número de estabelecimentos. A área central evoluiu com a modernização e aumento do shopping, além do aumento no número de restaurantes e bares. Porém, a realidade vem mudando e os bairros já tem centros comerciais maduros suficientes para atrair mais consumidores e, além disso, percebemos que a comodidade faz com que o consumidor prefira frequentar o comércio do próprio bairro. Já no mercado online, o número de e-consumidores em Jaraguá do Sul, assim como no Brasil, tem crescido e isso dá oportunidade para os lojistas de Jaraguá também oferecer a opção aos clientes atuais.

– Os eventos recentes da política tiveram repercussões no comércio lojista?

Seifert – Assim como em todos os cantos do país, a repercussão política esteve latente nas conversas do comércio. Acredito e torço para que essas repercussões tenham conscientizado a todos da importância de participar, fazendo com que, em 2018, estejamos todos acordados para escolher o futuro do nosso Estado e país.

– Quais as perspectivas para o futuro econômico do município e do país?

Seifert – Quanto ao Brasil, a sustentabilidade do avanço econômico passa por inúmeros fatores, mas, principalmente, pelo avanço das reformas da previdência, tributária e política. Também é preciso igualar os direitos dos trabalhadores públicos e políticos aos direitos dos trabalhadores privados. A condenação de corruptores precisa continuar e não parar no STF.  O dinheiro público também precisa ser utilizado com responsabilidade, para que tenhamos mais poder de investimento em setores carentes e estratégicos como a educação.

Já em Jaraguá, percebemos que a administração municipal se mostra preocupada com as contas públicas e está focada em aumentar a capacidade de investimento. Criamos expectativa que isso irá acontecer nos próximos anos, começando por este. Também vemos grande mobilização para desburocratizar os processos que travam a abertura de empresas, retardam construções e acabam por evadir pessoas que gostariam de investir na cidade. Este ano, o Centro de Inovação será inaugurado, assim como dois novos centros de formação superior, um deles de medicina, os quais juntos trarão muitos benefícios para a economia jaraguaense.