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Cargill começa testes de máscaras que reciclam arrotos de vaca

Foto ilustrativa

Por: Pedro Leal

02/06/2021 - 09:06

A gigante agrícola Cargill começará a vender dispositivos vestíveis que absorvem o metano expelido pelas vacas, apoiando uma tecnologia experimental que pode ajudar o setor a reduzir emissões de gases de efeito estufa.

O acessório, semelhante a uma máscara, foi desenvolvido pela startup britânica Zelp, que afirma poder reduzir as emissões de metano em mais da metade.

A Cargill disse na terça-feira (1) que espera começar a oferecer os dispositivos a produtores de leite europeus em 2022. As empresas ainda não definiram o preço, mas a Zelp diz que o plano de assinatura anual cobraria a partir de US$ 80 por vaca.

Combater as emissões de metano do gado é uma das questões climáticas mais críticas – e mais difíceis – para empresas de carnes e laticínios que estão sob pressão crescente para despoluir cadeias de abastecimento.

“A Cargill tem um alcance impressionante em fazendas leiteiras na Europa”, disse o CEO da Zelp, Francisco Norris. “Estão posicionados de forma única para distribuir nossa tecnologia a um grande número de clientes, tanto pecuaristas quanto empresas de laticínios, maximizando a implementação desde o primeiro ano em que chegamos ao mercado.”

Cerca de 95% do metano liberado pelas vacas é expelido por meio de arrotos e pelo nariz. O gás retém 80 vezes mais calor do que o dióxido de carbono em seus primeiros 25 anos na atmosfera.

Os dispositivos vestíveis da Zelp, colocados acima da boca das vacas, agem mais ou menos como o conversor catalítico em um carro.

Um conjunto de ventiladores alimentados por baterias carregadas com energia solar suga os arrotos e os prende em uma câmara com um filtro que absorve o metano. Quando o filtro está cheio, uma reação química transforma o metano em CO₂, que é então liberado.

A Zelp trabalha na miniaturização da tecnologia e na otimização da energia dentro do dispositivo, disse Norris. A empresa está em negociações com uma série de possíveis parceiros de fabricação e pretende estar pronta para produção em massa no final do ano.

A meta é produzir 50 mil unidades no primeiro ano e até 200 mil unidades no próximo. A empresa está perto de concluir sua próxima rodada de financiamento, de acordo com Norris.

A Cargill se interessou pelas máscaras porque podem ser usadas em combinação com outras soluções, disse Sander van Zijderveld, líder de tecnologia e marketing estratégico de ruminantes da empresa para a Europa Ocidental. Vários fornecedores de alimentos estão testando ou começaram a usar aditivos para rações que inibem os micróbios no estômago das vacas para ajudá-las a produzir menos metano.

A Zelp ainda precisa provar a especialistas independentes que a tecnologia funciona. Norris disse que estudos revisados por pares ocorrerão no quarto trimestre, após o produto ter sido totalmente otimizado

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).