Capital humano foi o principal responsável pelo crescimento econômico do Brasil, aponta FGV

Foto: Freepik

Por: Pedro Leal

26/06/2024 - 15:06 - Atualizada em: 26/06/2024 - 15:23

O capital humano cresceu 2,2% ao ano no Brasil entre 1995 e 2023, de acordo com um novo estudo do Instituto Brasileiro de Economia (FGV IBRE). Ao elaborar o primeiro Índice de Capital Humano (ICH), baseado em um longo período de tempo e contextualizado para a realidade brasileira, a pesquisa também aponta que este fator foi o principal responsável pelo crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

Para alcançar os resultados, os pesquisadores cruzaram dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que possuem informações sobre salário e educação dos brasileiros.

A pesquisadora Janaína Feijó, uma das autoras do estudo, explica que o capital humano caracteriza a forma como as pessoas acumulam conhecimentos e habilidades, e para desenvolver este Índice, os pesquisadores analisaram o impacto da escolaridade e da experiência profissional no salário dos trabalhadores brasileiros.

“É muito difícil mensurar o capital humano e sempre foi um desafio para os economistas conseguir materializá-lo. No Brasil, existe uma lacuna de índices de capital humano, pois apesar de haver alguns organismos internacionais que mensuram este valor, acabam por deixar de fora algumas particularidades da economia de cada um dos países”, disse Feijó ao ressaltar que o país passou por grandes mudanças na escolaridade durante as últimas décadas, e o objetivo do novo ICH é analisar o impacto das mudanças ocorridas na qualificação da mão-de-obra brasileira.

Diante do aumento de acesso à educação no país, o pesquisador do FGV IBRE e coordenador do Observatório da Produtividade Regis Bonelli, Fernando Veloso, detalha que a pesquisa levou em consideração não somente a expansão da educação, mas também a experiência profissional e as horas trabalhadas dos brasileiros ocupados. “Calculamos o impacto da escolaridade e experiência no salário dos trabalhadores, extraindo um indicador de produtividade que combina a escolaridade e a experiência, juntando esses dados para construir o Índice de Capital Humano”.

Para realizar a decomposição do crescimento econômico no Brasil, economistas costumam utilizar uma metodologia chamada “função de produção”, que relaciona o PIB com diferentes fatores, tais como o capital físico, caracterizado por máquinas, equipamentos e prédios, e as horas trabalhadas. Porém, Veloso destaca que é pouco comum no Brasil calcular o capital humano como um componente desta função de produção de forma isolada.

Segundo o pesquisador, apesar dos desafios no setor da educação, o capital humano vem crescendo consistentemente desde 1995. Além disso, ele ressalta que a população brasileira passou pelo bônus demográfico, ou seja, aumento da população apta a trabalhar.

Tanto Veloso quanto Feijó reiteram que, após a constatação da importância do capital humano para o crescimento econômico do país, agora é necessário aprofundar os conhecimentos sobre os determinantes que contribuem para o crescimento do capital humano. “Isso envolve entender melhor a contribuição isolada da escolaridade e da experiência profissional para o crescimento do capital humano ao longo dos últimos trinta anos”, concluiu Veloso.

Notícias no celular

Whatsapp

Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).