BTG acusa acionistas da Americanas de má-fé e premeditação

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Por: Pedro Leal

16/01/2023 - 10:01 - Atualizada em: 16/01/2023 - 10:44

Os advogados do BTG Pactual, um dos maiores credores da Americanas, acusaram a empresa e seus acionistas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira de má-fé na gestão da Americanas e na relação com a instituição financeira.

O banco quer reverter a medida cautelar dada à companhia e exercer seus direitos como credor da varejista, que declarou ter um rombo R$ 20 de bilhões no seu balanço.

As informações são da CNN

A acusação consta de um documento protocolado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).

Na carta ao desembargador do TJ-RJ, os advogados ainda qualificam de premeditada a ação dos executivos do 3G, maiores acionistas da Americanas.

Confira trechos da carta:

“Os três homens mais ricos do Brasil (com patrimônio avaliado em R$ 180 bilhões), ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial “do bem”, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio.

Dois dias depois, têm a pachorra de vir em Juízo pedir uma tutela cautelar, preparatória de uma recuperação judicial, para impedir os credores de legitimamente protegerem o seu patrimônio à luz da maior fraude corporativa de que se tem notícia na história do país.

É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude. É o fraudador cumprindo a sua própria profecia, dando verdadeiramente ‘uma de maluco para esses caras saberem que é pra valer’.”

O trecho acima é uma citação de um livro que conta a história do trio de investidores, donos de várias empresas no Brasil e no exterior, como a Inbev, a Kraft Heinz, o Burger King, entre outras.

O desembargador de plantão do TJ-RJ, Luiz Roldão De Freitas, argumentou que não era o caso para uma decisão fora do expediente e determinou que o recurso seja distribuído a um relator nesta segunda-feira (16).

Um outro trecho, os advogados do Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub descrevem o que seria ação premeditada dos gestores da 3G pouco antes da Americanas divulgar a “inconsistência contábil” em fato relevante na última quarta-feira (11).

“A premeditação ficou ainda mais clara após a notícia de que, meses após a divulgação planejada do rombo financeiro, essa mesma alta cúpula de controladores simplesmente vendeu mais de R$ 210 milhões em ações da companhia. Horas antes da divulgação do famigerado fato relevante, a companhia também tentou tirar do banco aproximadamente R$ 800 milhões em investimentos mantidos no BTG”.

O que diz a Americanas

A Americanas se pronunciou sobre as acusações. Reiterou, por meio de nota, “a importância da manutenção da liminar, apesar da tentativa de suspensão, o que poderia gerar assimetria entre os seus credores, inclusive bancos, e não ajudaria no processo”.

Leia a seguir a íntegra do comunicado da empresa.

“A Americanas S.A. informa que a medida cautelar visa somente a sustentação jurídica necessária para que tanto a Americanas como os credores possam chegar a um possível acordo. A Americanas reitera a importância da manutenção da liminar, apesar da tentativa de suspensão, o que poderia gerar assimetria entre os seus credores, inclusive bancos, e não ajudaria no processo.

A Americanas trabalha para, dado o seu peso social em todo o Brasil gerando mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, encontrar uma solução com os seus credores e, assim, a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.

Nesse momento, a companhia segue acreditando na proteção da medida cautelar e no compromisso dos credores de retornarem com uma proposta.

A Americanas apontará em breve a sua equipe de negociação com os credores.”

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).