Os advogados do BTG Pactual, um dos maiores credores da Americanas, acusaram a empresa e seus acionistas Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira de má-fé na gestão da Americanas e na relação com a instituição financeira.
O banco quer reverter a medida cautelar dada à companhia e exercer seus direitos como credor da varejista, que declarou ter um rombo R$ 20 de bilhões no seu balanço.
As informações são da CNN
A acusação consta de um documento protocolado no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ).
Na carta ao desembargador do TJ-RJ, os advogados ainda qualificam de premeditada a ação dos executivos do 3G, maiores acionistas da Americanas.
Confira trechos da carta:
“Os três homens mais ricos do Brasil (com patrimônio avaliado em R$ 180 bilhões), ungidos como uma espécie de semideuses do capitalismo mundial “do bem”, são pegos com a mão no caixa daquela que, desde 1982, é uma das principais companhias do trio.
Dois dias depois, têm a pachorra de vir em Juízo pedir uma tutela cautelar, preparatória de uma recuperação judicial, para impedir os credores de legitimamente protegerem o seu patrimônio à luz da maior fraude corporativa de que se tem notícia na história do país.
É o fraudador pedindo às barras da Justiça proteção ‘contra’ a sua própria fraude. É o fraudador cumprindo a sua própria profecia, dando verdadeiramente ‘uma de maluco para esses caras saberem que é pra valer’.”
O trecho acima é uma citação de um livro que conta a história do trio de investidores, donos de várias empresas no Brasil e no exterior, como a Inbev, a Kraft Heinz, o Burger King, entre outras.
O desembargador de plantão do TJ-RJ, Luiz Roldão De Freitas, argumentou que não era o caso para uma decisão fora do expediente e determinou que o recurso seja distribuído a um relator nesta segunda-feira (16).
Um outro trecho, os advogados do Galdino & Coelho, Pimenta, Takemi, Ayoub descrevem o que seria ação premeditada dos gestores da 3G pouco antes da Americanas divulgar a “inconsistência contábil” em fato relevante na última quarta-feira (11).
“A premeditação ficou ainda mais clara após a notícia de que, meses após a divulgação planejada do rombo financeiro, essa mesma alta cúpula de controladores simplesmente vendeu mais de R$ 210 milhões em ações da companhia. Horas antes da divulgação do famigerado fato relevante, a companhia também tentou tirar do banco aproximadamente R$ 800 milhões em investimentos mantidos no BTG”.
O que diz a Americanas
A Americanas se pronunciou sobre as acusações. Reiterou, por meio de nota, “a importância da manutenção da liminar, apesar da tentativa de suspensão, o que poderia gerar assimetria entre os seus credores, inclusive bancos, e não ajudaria no processo”.
Leia a seguir a íntegra do comunicado da empresa.
“A Americanas S.A. informa que a medida cautelar visa somente a sustentação jurídica necessária para que tanto a Americanas como os credores possam chegar a um possível acordo. A Americanas reitera a importância da manutenção da liminar, apesar da tentativa de suspensão, o que poderia gerar assimetria entre os seus credores, inclusive bancos, e não ajudaria no processo.
A Americanas trabalha para, dado o seu peso social em todo o Brasil gerando mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, encontrar uma solução com os seus credores e, assim, a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo a preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Nesse momento, a companhia segue acreditando na proteção da medida cautelar e no compromisso dos credores de retornarem com uma proposta.
A Americanas apontará em breve a sua equipe de negociação com os credores.”