Brasileiro está mais otimista, mas desconfiado quanto à economia

Por: Pedro Leal

03/01/2018 - 06:01 - Atualizada em: 03/01/2018 - 10:18

Em uma nota que vai de um a 10, a expectativa média para a economia brasileira em 2018 é de 5,7, enquanto para a vida financeira pessoal é de 6,7. Cerca de 13% dos entrevistados creem que a economia irá piorar enquanto 19% acham que o cenário de 2018 será igual ao de 2017. Mas o otimismo – com ressalvas – predomina: 54% dos brasileiros acham que 2018 será melhor do que 2017. É o que revela a pesquisa divulgada nesta terça-feira (2) pelo SPC Brasil e a CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas).

O cenário de otimismo é marcado por um tanto de descrença, aponta a pesquisa. Entre os céticos está o funcionário público João José Lacerda, de 53 anos. “Dizem que vai ser bom, mas vamos ver para crer. A propaganda do governo é firme em dizer que a economia vai bem, tomara que realmente esteja”, diz. Para ele, o ano foi complicado, por conta do cenário econômico.

Segundo o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro, a insegurança parte de uma combinação de fatores, sendo os principais as eleições, com alto grau de imprevisibilidade, e a lentidão na recuperação da economia, marcada por dificuldades em superar obstáculos e o nível de desemprego ainda elevado. “Fica a impressão de que a qualquer momento é possível enfrentar uma demissão, por exemplo. Isso só vai mudar a médio prazo, à medida em que as pessoas sentirem a melhora nos indicadores econômicos no dia a dia”, explica Pellizzro.

O temor quanto às eleições é expressado pelo professor Ricardo Steiner, de 35 anos. “Eu tenho medo de 2018. 2017 não foi um ano tão ruim assim, ao menos para mim, mas acho que 2018 vais ser um ano complicado com as eleições”, afirma, notando que tudo indica um cenário positivo – mas as eleições podem afetar muito o cenário.

Ricardo Steiner, professor | Foto OCP

METAS FINANCEIRAS VARIAM 

Entre os brasileiros, 45% têm como meta financeira para 2018 juntar dinheiro e 27% almejam sair do vermelho. Segundo as entidades, a pesquisa indica otimismo, mas também cautela. Para evitar os problemas decorrentes da crise, a maior parte dos entrevistados pretende evitar o uso do cartão de crédito (26%), organizaras contas de casa (25%) e aumentar a renda com trabalhos extras (22%).

Com a filha, Maria Antônia, completando 11 meses hoje, Steiner tem uma prioridade clara para as finanças em 2018: adaptar-se às necessidades da pequena. A esposa, Diana Rabock Steiner, de 30 anos, também professora, pretende voltar a trabalhar – e Ricardo procura mais aulas. O casal segue com segurança. “Este ano consegui me manter no azul”, conta.

Já João Jorge Lacerda pretende investir na carreira. “Esse ano quero voltar a estudar, conseguir uma formação melhor para buscar um emprego melhor, seja no serviço público, seja na iniciativa privada”, explica. Apesar da crise, o funcionário público não está preocupando com as finanças. “Neste sentido, as coisas estão indo razoavelmente bem”.

João Jorge Lacerda, funcionário público | Foto OCP

O SPC Brasil entrevistou 682 pessoas, entre 27 de novembro e 7 de dezembro de 2017, de ambos os sexos e acima de 18 anos, de todas as classes sociais em todas as regiões brasileiras. A margem de erro é de 3,8 pontos percentuais para um intervalo de confiança a 95%.

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