Bolsa despenca e dólar dispara após críticas de Lula ao teto de gastos e regra de ouro

Foto Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Por: Pedro Leal

11/11/2022 - 09:11

A “Lua de Mel” durou pouco: após um primeiro momento de otimismo no mercado pós eleições, com queda expressiva do dólar, os indicadores de mercado desabaram após um discurso do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva criticando políticas de controle fiscal e se opondo ao teto de gastos do governo federal.

O Ibovespa, índice que reúne as maiores empresas listadas na B3, a bolsa de valores brasileira, perdeu R$ 156,269 bilhões em valor de mercado nesta quinta-feira (10), depois do discurso. As informações são da CNN e da Folha de São Paulo.

O cálculo foi feito pela consultoria TradeMap e considera a variação no valor de mercado de cada uma das companhias que integram o índice.

Em dois dias de quedas seguidas, as perdas totais do Ibovespa chegaram a R$ 247,8 bilhões.

Por sua vez, a cotação do dólar explodiu, encerrando a quinta-feira em R$ 5,397, com alta de 4,14%, uma semana após ter chegado perto da linha dos R$ 5.

Lula criticou as principais regras do orçamento – a “regra de ouro”, que impede que o governo se endivide para pagar despesas correntes. A meta fiscal prevê uma meta para resultado das contas públicas, e o teto de gastos, que trava o crescimento das despesas federais à inflação do ano anterior. Essas são as três regras fiscais em vigor no país – e durante os governos Temer e Bolsonaro, o PT demonstrou forte oposição a tentativas de alterá-las.

O principal índice da bolsa brasileira registrou baixa de 3,35%, aos 109.775,46 pontos, na maior queda diária desde setembro de 2021.

“Por que as pessoas são levadas a sofrerem por conta de garantir a tal da estabilidade fiscal nesse país? Por que que toda hora as pessoas falam que é preciso cortar gastos? É preciso fazer superávits? É preciso fazer tetos de gasto? Por que as mesmas pessoas que discutem com seriedade o teto de gasto não discutem a questão social do país?”, questionou Lula.

As perdas do dia foram lideradas pela B3, que viu uma perda de R$ 11,4 bilhões em seu valor de mercado, de R$ 90,0 bilhões para R$ 78,6 bilhões.

Foi seguida pela Eletrobras (-R$ 7,9 bilhões), a Ambev (-R$ 7,7 bilhões) e o banco BTG (-R$ 7,4 bilhões).

Em sexto lugar entre as maiores quedas, a Petrobras perdeu R$ 7,1 bilhões em seu valor total, que foi de R$ 374,4 bilhões para R$ 367,3 bilhões.