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Após prejuízo bilionário, Correios quer cortar férias e salários dos funcionários – entenda

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

13/05/2025 - 14:05 - Atualizada em: 13/05/2025 - 14:40

Após declarar um prejuízo de R$ 2,6 bilhões em 2024, os Correios divulgaram nesta segunda-feira (12) um plano estratégico de trabalho para melhorar o fluxo de caixa da empresa.

As informações são do portal G1.

O plano repassa boa parte do prejuízo para os funcionários – entre as medidas anunciadas está o incentivo à redução de jornada de trabalho e, consequentemente, à redução do salário dos trabalhadores, a suspensão das férias, e incentivo ao desligamento voluntário

O documento foi divulgado internamente e disponibilizado pela empresa, e espera economizar R$ 1,5 bilhão em 2025.

“Estamos diante de um desafio importante: a necessidade de reduzir despesas”, afirma o texto. Para que a proposta funcione, a empresa espera contar com o apoio dos funcionários. São cerca de 86 mil profissionais que serão atingidos diretamente pelas medidas.

“Neste momento, a contribuição de cada empregada e empregado, por menor que pareça, é valiosa. Juntos, temos todas as condições de superar os desafios e construir um futuro mais promissor e vitorioso para nossa equipe”.

As medidas tomadas pela empresa são:

  • Revisão da estrutura dos Correios Sede: redução de pelo menos 20% do orçamento de funções (redução dos cargos comissionados);
  • Incentivo à redução da jornada de trabalho: diminuição do horário de trabalho para 6 horas diárias e 34h semanais. Atualmente, são 8h diárias e 44h semanais.
  • Suspensão temporária de férias: a partir de 1º de junho de 2025, referente ao período aquisitivo deste ano. As férias voltarão a ser usufruídas a partir de janeiro de 2026;
  • Prorrogação das inscrições para o Programa de Desligamento Voluntário (PDV): até 18 de maio de 2025, mantendo os atuais requisitos de elegibilidade;
  • Incentivo à transferência, voluntária e temporária, de agente de correios: o pagamento do adicional de atividade será o mais vantajoso para empregados;
  • Convocação para o retorno ao regime de trabalho presencial: todos os empregados devem retornar ao trabalho presencial a partir de 23 de junho de 2025, com exceção daqueles protegidos por decisão judicial;
  • Lançamento de novos formatos de planos de saúde: a escolha da rede credenciada será dialogada com as representações sindicais. A economia estimada será de 30%;
  • Lançamento do marketplace próprio ainda em 2025;
  • Captação de R$ 3,8 bilhões com o New Development Bank (NDB), para investimentos internos.

No texto, a empresa estatal justifica o prejuízo que teve em 2024 e argumenta que a situação se deve aos impactos da “queda nas receitas com encomendas internacionais” – ao mesmo tempo, reconhece crescimento de despesas.

Entre os aumentos significativos registrados ano passado estão os custos operacionais, que aumentaram R$ 716 milhões em relação ao ano anterior. Passando de R$ 15,2 bilhões para R$ 15,9 bilhões. Esse é o maior custo anual realizado pelos Correios desde 2017, quando a empresa gastou R$ 16 bilhões, diz o texto.

A maior parte desse aumento de custos corresponde aos gastos com pessoal, que passou de R$ 9,6 bilhões em 2023 para R$ 10,3 bilhões em 2024.

No relatório de Demonstrações Financeiras, os Correios justificaram que esse aumento se deveu ao Acordo Coletivo de Trabalho assinado com mais de 80 mil empregados (R$ 550 milhões).

Além do reajuste do vale alimentação/refeição (R$ 41 milhões). Por isso, a empresa aponta a necessidade de apoio dos funcionários.

O déficit em 2024 é quatro vezes maior do que o registrado no ano anterior, quando o prejuízo foi de R$ 597 milhões.

Entre as justificativas dadas pela empresa para o resultado negativo, está o fato de que apenas 15% das 10.638 unidades de atendimento operarem no positivo.

“Ainda que 85% das unidades sejam consideradas deficitárias, os Correios garantem o acesso universal de todas e todos aos serviços postais, com tarifas justas, em cada um dos 5.567 municípios atendidos”, ponderou os Correios.

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).