Ano de crise fecha com 3.229 empregos a menos na cidade

Ajustador mecânico Leandro Ramos, que busca recolocação desde agosto do ano passado, fazia entrevista em agência de emprego, ontem - Foto: Piero Ragazzi

Por: OCP News Jaraguá do Sul

22/01/2016 - 09:01 - Atualizada em: 25/01/2016 - 09:25

Desempregado desde agosto do ano passado, o ajustador mecânico Leandro Ramos, 26 anos, repetia ontem a rotina dos últimos cinco meses, de percorrer as agências de emprego da cidade em busca de uma recolocação no mercado. A vaga que ele perdeu em 2015 foi um dos 3.229 postos de trabalho fechados em Jaraguá do Sul durante o ano, conforme mostrou os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados ontem.

O jaraguaense conta que o último emprego foi em uma empresa de borrachas, depois de um ano e três meses de carteira assinada. Na época, recebia um salário bruto de R$ 1,9 mil.“Em todo o lugar dizem que está difícil mesmo para os que têm experiência”, conta Leandro, que soma sete anos de profissão. “Estou preocupado, porque meu seguro-desemprego terminou agora, em janeiro”, declara. “Espero que a situação melhore, porque preciso de emprego”, torce o metalúrgico.

O resultado é o pior da série histórica do Caged para Jaraguá do Sul, começada em 2002. O desempenho está abaixo ainda do registrado em 2009, ano de crise, quando o município teve um saldo negativo de 624 vagas.

Dos 3.229 postos de trabalho a menos no ano passado, 2.585 foram da indústria, 83 da construção civil, 423 do comércio e 69 de serviços, além do setor público e outros. Desdobrando os dados do setor industrial, foram menos 18 vagas do setor metalúrgico, 249 a menos do setor mecânico, menos 663 da indústria do material elétrico e comunicações e um saldo negativo de 940 empregos na área têxtil e do vestuário, setor que mais demitiu.

O diretor de Desenvolvimento do Instituto Jourdan, Márcio da Silveira, assinala que 57% dos empregos de Jaraguá do Sul são gerados pela indústria. “O setor que foi atingido totalmente é o da indústria, que produz para ser acrescentada a outros produtos e já se esperava esse resultado”, observa.

“Por isso, procuramos ampliar o atendimento do Sine [Sistema Nacional de Emprego], com mais ofertas de cursos, trabalhar para a requalificação e qualificação de empreendedores”, destaca.
Outra iniciativa de 2016, ressalta, é que as compras governamentais, como de merenda escolar, favoreçam as empresas da região, gerando empregos e garantindo a permanência dos emprego.
No ano passado, foram emitidos 9.820 pedidos de seguro-desemprego (3% maior do que em 2014, de 9.528) na agência do Sine em Jaraguá do Sul. Nesse período, 2.226 profissionais foram encaminhados para vagas de emprego, com cerca de 400 vagas em janeiro e 35 em dezembro.