Alta nos juros e retorno da inflação exige atenção nos investimentos

Foto Divulgação

Por: Pedro Leal

16/07/2021 - 10:07 - Atualizada em: 16/07/2021 - 10:55

Em reunião encerrada no dia 16 de junho, o Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) elevou a taxa Selic em 0,75 p.p, atingindo a marca de 4,25%. A decisão confirmou a tendência indicada na última reunião, em 5 de maio, quando o Copom subiu a Selic de 2,75% para 3,5%.

Essa tendência favorece os investimentos em renda fixa, atrelados à taxa básica de Juros, explica Jhonatan Hornburg, consultor de investimentos da Warren em Jaraguá do Sul – mas há de se levar em conta as perdas com a inflação.

“Na ocasião, o comitê avisou que enxergava mais um aumento de 0,75% na reunião marcada para junho, em virtude da pressão da inflação, sendo que houve essa confirmação de aumento ao final da reunião. Como você provavelmente já sabe, a taxa Selic é o principal instrumento da política monetária do Banco Central. A taxa básica de juros da economia serve como referência para todos os outros juros, do financiamento de um carro aos títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional”, explica.

Ao definir o seu valor, o Banco Central busca o equilíbrio entre o estímulo à economia, sendo que taxas baixas incentivam o consumo. Busca também o controle da inflação, as taxas altas desincentivam o consumo e reduzem a circulação de dinheiro, segurando a alta dos preços.

“Aqui, precisamos partir de um pressuposto simples: em linhas gerais, a elevação da taxa básica de juros torna o investimento em renda fixa mais atraente, enquanto a queda beneficia a renda variável. Isso acontece porque a Selic é praticamente espelhada pelo CDI, o principal benchmark da renda fixa. Assim, títulos atrelados ao CDI se valorizam quando há elevação da Selic”, afirma.

O CDI também é considerado a “taxa livre de riscos”, porque, em tese, nenhum investimento pode ser mais seguro do que os títulos públicos do governo. Assim, a elevação da taxa Selic aumenta a exigência de retorno dos ativos de risco, a renda variável.

O CDI não é o único fator, no entanto. É preciso levar em conta a taxa de juros real, que subtrai a inflação. “Com a Selic em 4,25% e a inflação projetada em 6,11% no fim do ano, os investidores ainda precisam assumir risco para obter ganho real, porque estamos em um cenário de juro real negativo. E esse risco está nos ativos de renda variável”, frisa Hornburg.

Mesmo assim, vale observar que o investimento em crédito privado está ficando mais interessante, assim como os títulos indexados à inflação.

“Mas, há também um cenário favorável à renda variável, mesmo com a Bolsa perto dos 130 mil pontos, ainda tem alguns ativos e alguns setores, que vão continuar apresentando um desempenho positivo na Bolsa, muito mais pelo andamento da vacinação, pela abertura do comércio, pela melhora do PIB… motivos focados no mercado doméstico, em resumo”.

O segredo, diz Hornburg, está na diversificação do portfólio, com riscos adequados para o seu perfil de investidor e os seus objetivos de vida. “Um investidor moderado, por exemplo, sempre terá investimentos em renda variável e renda fixa, a proporção varia de acordo com o prazo dos objetivos e a tolerância ao risco específica desse investidor”, conclui.