Alta no preço dos combustíveis começa a impactar as finanças

Por: Elissandro Sutil

25/07/2017 - 06:07 - Atualizada em: 26/07/2017 - 19:33

Em grande parte dos postos de combustíveis de Jaraguá do Sul, o valor da gasolina comum chegava a R$ 3,69 já no fim de semana. Com o decreto que autorizou a elevação da alíquota do PIS/Cofins, os postos estão aplicando novos preços sob os combustíveis, um peso a mais no bolso do consumidor. E o aumento deve ir além do valor para encher o tanque.

A alta pode ter um peso de 0,5 ponto percentual sobre o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no país, segundo o banco ABC Brasil. De acordo com analistas ouvidos pelo Banco Central, o aumento deve elevar a previsão de inflação para este ano, que deve ficar em 3,33%, na média. No relatório anterior, economistas estimavam inflação de 3,29%. A nova estimativa interrompe uma sequência de sete quedas seguidas.

Para o motorista David Rodrigo da Silva, o aumento já era previsto em virtude dos meses de queda consecutiva nos valores e a necessidade faz com o que o aumento tenha que ser diluído nas despesas. “Já estava esperando por isso. Infelizmente, não tenho como diminuir o consumo, pois utilizo o carro como meio de transporte para trabalhar”, relata Silva.

No mês de julho, de acordo com pesquisa realizada pelo Procon, o valor médio da gasolina comum era de R$ 3,29 nos postos da cidade. A aditivada estava em torno dos R$ 3,40 e o álcool em R$ 2,48. A mesma pesquisa apontou uma queda de 8,91% nos preços da gasolina comum em relação ao mesmo período do ano passado, quando o custo médio do litro era de R$ 3,55.

Segundo o gerente de uma rede de postos, Nestor Preto, o reajuste já foi sentido no primeiro dia. “A reposição dos combustíveis é feita diariamente. Não é possível dizer se haverá uma nova baixa ou alta, precisamos acompanhar o cenário e ver como estarão os preços praticados no mercado internacional, já que a nova política da Petrobras se baseia nele”, avalia.

AUMENTA FRETE, ALIMENTAÇÃO E CUSTOS PARA EMPRESAS

O aumento da alíquota sobre o diesel deve impactar os custos do frete rodoviário, estimam entidades que representam as empresas de transporte de cargas. A Confederação Nacional do Transporte (CNT) calculou alta de 2,5% e a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística) de 4%. Alimentos e outros produtos ficarão mais caros com a mudança, de acordo com as duas entidades.

O presidente da Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul), Giuliano Donini, enfatiza que o aumento vai à contramão da atual situação do país e abala diretamente a vida dos cidadãos. “Aumentar os impostos do combustível impacta em diversos setores, desde o pequeno e microempresário, que dependem do transporte para locomoção de suas mercadorias, até quem utiliza a condução pública. A atitude mais eficiente seria reduzir despesas do próprio governo, e não aumentar os impostos. É inevitável que a população reaja rapidamente contra”, aponta Donini.

O aumento dos custos com frete deve pesar principalmente sobre os itens de menor valor agregado e que são transportados por longas distâncias, segundo a NTC & Logística. Nessa lista, estão incluídos os produtos de cesta básica, como arroz, feijão e farinha, além de água, ovos, frutas e verduras.

Em comunicado oficial, o Conselho das Federações Empresariais de Santa Catarina (Cofem) avaliou que a elevação de impostos anunciada pelo Governo Federal penaliza o setor produtivo e a sociedade. A entidade acredita que a elevação irá atrasar a recuperação econômica, uma vez que a atual carga tributária já está próxima de 33% do PIB, a mais elevada entre os países emergentes.

O Cofem ainda observa que para equilibrar as contas públicas, o governo deveria avançar com as reformas, especialmente a previdenciária, a tributária e a política, e tomar medidas para reativar a atividade econômica e a geração de empregos, como a redução mais acelerada dos juros e a melhoria das condições de acesso ao crédito.