A abertura ao tráfego do Contorno Viário da Grande Florianópolis no trecho norte da BR-101 traz alívio a um dos principais corredores logísticos do Brasil, responsável pelo transporte de mercadorias da região Sul para os demais estados brasileiros e pela mobilidade de pessoas pelo litoral.
Estratégico para o setor produtivo, por seu acesso a portos e a grandes mercados consumidores no Brasil e no exterior, o corredor rodoviário litorâneo de Santa Catarina também é essencial para o desenvolvimento de atividades como o turismo.
“Para a sociedade de Santa Catarina, em especial da Grande Florianópolis, a inauguração do Contorno traz a expectativa de redução dos congestionamentos. Para o setor produtivo, é um gargalo a menos a ser enfrentado na rodovia, já que a expectativa é de maior fluidez no trânsito para a movimentação de cargas na orientação Norte e Sul e de melhoria da segurança”, diz o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar. “Superado este desafio, Santa Catarina precisa enfrentar os demais gargalos logísticos que tem pela frente. E são muitos, não só na BR-101, mas também nas demais rodovias e modais de transporte”, completa.
Uma das grandes batalhas levantadas pela Fiesc nos últimos 15 anos, a execução do Contorno Viário motivou estudos técnicos e muita articulação institucional da entidade. A Federação chamou atenção para o assunto em 2010, quando lançou o primeiro estudo sobre a concessão. Unindo forças com a sociedade catarinense e demais entidades representativas do setor produtivo, além dos veículos de comunicação do estado, a Federação vem monitorando as obras e participando de forma ativa nas discussões que envolvem melhorias nas condições das rodovias catarinenses. Desde a concessão do trecho Norte da BR-101, em 2008, a Fiesc realizou diversas análises no Contorno, avaliando tecnicamente o andamento e qualidade da obra.
“O Contorno Viário é um projeto que orgulha os engenheiros de todo o país. Suas obras de arte especiais, como os túneis e viadutos, não deixam nada a desejar em relação às rodovias mais modernas do mundo”, avalia o engenheiro e consultor da Fiesc Ricardo Saporiti. Responsável pelas análises expeditas, Saporiti acompanhou a luta dos catarinenses pela conclusão do Contorno na primeira fila. “Fico muito satisfeito em ver que, a despeito da espera, temos um trecho de rodovia muito bem executado, de primeira qualidade”, afirma.
Para o presidente da Câmara de Transporte e Logística da Fiesc, Egídio Martorano, a saga do Contorno Viário da Grande Florianópolis traz lições importantes para SC. A principal delas é a necessidade de uma gestão eficiente e integrada das áreas lindeiras, ou seja, aquelas que fazem divisa com rodovias. “Agora precisamos seguir vigilantes para evitar que a região do Contorno sofra com o mesmo problema que vemos hoje na BR-101 nos trechos em que ela corta cidades litorâneas, como a Grande Florianópolis, Balneário Camboriú e Itajaí, onde a rodovia se transformou numa via de trânsito local. As cidades afetadas pelo contorno precisam planejar e agir de forma coordenada para evitar a multiplicação de acessos, garantindo a manutenção do Contorno como uma via expressa”, destaca.
Outro aprendizado, segundo ele, é a necessidade de iniciativas conjuntas que priorizem o transporte público, especialmente em regiões metropolitanas. “O Contorno deve reduzir os congestionamentos e a lentidão, mas não é solução definitiva para o volume de tráfego naquele trecho da rodovia. A perspectiva de incremento da frota de veículos leves nos próximos anos, alinhada com o crescimento populacional da região, pode tornar esse alívio mais temporário do que gostaríamos”, salienta.