5 fatores que colocam Jaraguá do Sul no caminho da recuperação econômica

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Por: Pedro Leal

02/02/2019 - 05:02

O país passou os últimos dois anos em um trabalho de recuperação da economia, após os impactos graves da crise de 2015 e 2016, que viu uma queda de 7% no Produto Interno Bruto (PIB) do país – e Jaraguá do Sul não é exceção.

Após perder 7.219 postos de trabalho nos anos da crise e ver suas exportações encolherem 36%, passando de US$ 792,8 milhões em 2014 para US$ 511 milhões em 2016, o município voltou a crescer em 2017 e em 2018.

Abaixo, temos cinco estatísticas que comprovam este crescimento, demonstrando que pelos últimos dois anos, Jaraguá do Sul tem se mantido em um ritmo saudável de geração de emprego, crescimento nas exportações e abertura de empresas, rumando para a recuperação de perdas e retomada de crescimento.

Temos também uma redução na inadimplência, alta na sobrevida das empresas e no número de ofertas de trabalho divulgadas. Confira!

1. Geração de emprego

Um dos indicadores mais claros da situação econômica do município é o resultado do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), dado do Ministério da Economia que contabiliza as contratações e demissões mês a mês – e que demonstra que 2018 teve o melhor resultado de geração de empregos em Jaraguá do Sul desde 2014.

O ano viu a geração de 477 empregos formais no município, 65,63% a mais do que em 2017, quando foi registrado um saldo de 288 empregos com carteira assinada.

Foto Divulgação/Visualhunt Vagas de emprego

Só um setor fechou o ano com resultado negativo: a indústria, que demitiu 158 pessoas a mais do que contratou no ano.

Outro fator positivo na geração de emprego tem sido a performance da agência do Sistema Nacional de Emprego (Sine) em Jaraguá do Sul, que de 2016 para 2018, abriu cinco vezes mais vagas – foram 265 em 2016, contra 1.292 em 2018. O setor também encaminhou 12,6 vezes mais trabalhadores para vagas – 491 em 2016 contra 6.208 em 2018. E resultou em 10,7 vezes mais contratações – 55 em 2016 e 592 em 2018.

Saldo de empregos

  • 2017: 288
  • 2018: 477

Vagas abertas

  • 2016: 265
  • 2017: 1211
  • 2018: 1292

Total de encaminhamentos para emprego

  • 2016: 491
  • 2017: 4.241
  • 2018: 6.208

Total de colocações no mercado

  • 2016: 55
  • 2017: 406
  • 2018: 592

2. Exportações

Um dado econômico que não é nominalmente positivo, mas indica melhora na economia quando contextualizado com o ano é o resultado das exportações do município: Jaraguá do Sul fechou 2018 com uma leve queda de 0,3% no volume de exportações, somando US$ 589,42 milhões. Os resultados ainda se encontram abaixo do pico pré-crise, de US$ 792,8 milhões.

O resultado, no entanto, é positivo quando se leva em conta as circunstâncias do ano: maio viu a paralisação dos caminhoneiros, que parou o país por 10 dias, prejudicando gravemente as exportações nacionais  e causou uma queda de 39,43% nas exportações para o mês de maio.

Foto Arquivo/Agência Brasil

Em abril, o que se viu foi a União Européia vetar importações de frango brasileiras, o que prejudicou as vendas de frigoríficos da região. Fechar o ano com queda de apenas 0,3% nestas condições não é um feito pequeno.

Em contrapartida, as importações, compostas primariamente por insumos industriais e matéria prima para diversos setores da indústria, registrou no ano uma alta de 10,6%. Jaraguá do Sul importou mercadorias em um total de US$ 342,87 milhões em 2018, contra US$ 310,13 no ano anterior.

Exportações em 2017

  • US$ 591,19 milhões

Exportações em 2018

  • US$ 589,42 milhões

3. Inadimplência

Segundo dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) de Jaraguá do Sul, 2018 foi um ano ambivalente para a saúde financeira do jaraguaense: o ano viu uma alta de 77,4%  nos registros, somando 2.864 dívidas registradas na comparação com 2017, e uma alta de 66,9% no número de CPFs – são 2.167 jaraguaenses que tiveram seus CPFs adicionados à base em 2018. Os  dados usam como referência o último mês do ano.

Ao mesmo tempo, o ano viu uma alta de 55% no número de registros cancelados – isto é, dívidas registradas que foram quitadas e CPFs que voltaram à saúde financeira: foram 3.738 registros cancelados no período, encerrando o ano com redução líquida nas dívidas de 874 registros.

O município também goza de uma taxa de inadimplência consideravelmente melhor do que o estado: enquanto em Santa Catarina, 20,02% da população economicamente ativa está na base do SPC, em Jaraguá do Sul este percentual é de 16,47%, em um total de 18.832 pessoas.

Registros no SPC/dezembro

  • Em 2017: 1.614
  • Em 2018: 2.864

Registros cancelados/dezembro

  • Em 2017: 2.439
  • Em 2018: 3.738

Total de registros ao final de 2018

  • 37.059

CPFs registrados

  • 18.832

4. Mais empresas abertas

A abertura de empresas aumentou 42% em 2018, na comparação com o ano anterior. Segundo dados da Prefeitura, o ano passado registrou a abertura de 1.583 empresas no município, contra 1.110 no ano anterior.

“Temos um aumento do empreendedorismo, com cada vez mais empresas abrindo no município, e com uma boa sobrevivência”, nota o secretário de Desenvolvimento Econômico, Domingos Zancanaro.

Enquanto isso, o fechamento de empresas nos dois anos se manteve muito semelhante: foram 517 empresas fechadas em 2018, contra 503 empresas em 2017 – mas com a mudança no número de empresas abertas, os dados demonstram uma taxa de sobrevivência consideravelmente melhor.

As 503 empresas que fecharam em 2017 representam 45,3% do  total de empresas abertas naquele ano, enquanto as 517 que fecharam em 2018 são 32,5% – menos de um terço.

Empresas abertas

  • Em 2017 : 1.110
  • Em 2018: 1.583

Empresas fechadas

  • Em 2017: 503
  • Em 2018: 517

5. Comércio segue contratando

Um setor que tem demonstrado cenário positivo dentro dos resultados de geração de emprego é o comércio: o setor foi o segundo maior contratador do município, e um dos únicos setores que recuperou as perdas da crise de 2015 – que resultou na perda de 417 empregos no setor.

Em 2018, o resultado de geração de emprego do setor foi inferior ao de 2017 – foram 184 postos gerados em 2018, contra 406 naquele ano. Mas considerando que em 2017 ainda foi necessário recuperar as perdas da crise, foram gerados apenas 60 postos, o que coloca o último ano em um cenário de consolidação.

 

Foto Eduardo Montecino/OCP News

Segundo o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), as pesquisas do setor no estado tem demonstrado crescimento no ano passado, com boas avaliações do consumidor e bons resultados – e Jaraguá do Sul não tem sido exceção.

“Não temos números exatos, mas a empregabilidade nos mostra isso. O número de vagas abertas e contratações está em crescimento nos últimos anos”, comenta.

Geração de emprego no comércio

  • 2016: 81 postos
  • 2017: 406 postos
  • 2018: 188 postos

Empregos perdidos com a crise

  • 2015: 417

 

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).