1º de Maio e o que mudou em relação ao trabalho com a pandemia

Foto: Fábio Junkes

Por: Pedro Leal

30/04/2021 - 06:04 - Atualizada em: 30/04/2021 - 10:04

O ambiente e as regras das relações de trabalho estão em constante mudança – e este mais de um ano da pandemia de Covid-19, veio para acelerar mudanças nas regras e formas de trabalhar.

Antes da pandemia , existiam linhas que separam o ambiente doméstico do de trabalho, mas em apenas um ano tudo isso mudou. Acabaram sendo adotadas outras formas de trabalho numa intensidade muito maior com o chamado home office (trabalho em casa), que se tornou comum, levando algumas empresas e os trabalhares a se adaptarem a esta nova realidade.

Historicamente o trabalho e suas relações vem evoluindo, mas atualmente essa evolução ficou muito mais rápida por causa da tecnologia.

Para a vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Jaraguá do Sul (ABRH) Tatiana Braz Lux, o Dia do Trabalho – 1º de Maio, instituído mundialmente em 1886, foi de conquistas, aprendizado e evolução, marcando as mudanças nos nos dias de hoje também.

“Hoje executamos o nosso trabalho de qualquer localidade (teletrabalho), com ou sem controle de jornada, pleiteando não mais uma jornada reduzida, mas uma jornada de trabalho flexível. Trabalha-se de casa (home office). Ambientes remotos e home office produtivo. Muitas empresas já adotaram o conceito e a prática da gestão participativa, de modo que os trabalhadores se envolvem diretamente nos processos decisórios da organização. Estamos falando de meritocracia. Equipes autogerenciáveis e não mais firmada naquele conceito primário de hierarquia horizontal”, ressalta Tatiana.

A tecnologia tem mudado como o trabalho é feito e que trabalho é feito, com profissões novas surgindo enquanto outras são substituídas pela tecnologia.

“Neste aspecto, a pandemia que nos atinge atualmente transformou e confirmou que a tecnologia é um forte aliado e ferramenta indispensável para o trabalho. Por sua vez, a habilidade digital teve que ser alcançada por todos (videoconferências, reuniões on line, convenções e treinamentos virtuais, conhecimento por meio de EAD, microlearning, dentre outros). Essa nova forma de trabalho não irá embora com o fim da pandemia”, explica.

No Dia do Trabalho, Tatiana deixa uma pergunta: “O que vem pela frente? O futuro do trabalho, seus contornos, reflexos e condições só dependem de nós. Que esse 1º de maio, dia de homenagem e comemoração, sirva de reflexão sobre tudo que vivenciamos até aqui nas relações de trabalho e no que esperar do amanhã – já que as mudanças, tendências e inovação não mais acontecem de anos em anos. É atual, é imediato. Fica a dica para os trabalhadores e para as empresas: preparem-se!”

Estrutura da empresa ajudou

Até março ano passado, a rotina de trabalho da corretora de seguros Vanessa Jung era como a de muitos no setor – o trabalho presencial, a estrutura regrada do ambiente da empresa, e a separação explicita entre o ambiente de trabalho e o doméstico. Com a pandemia, no entanto, tudo isso mudou: desde 17 de março de 2020, para evitar o contágio, ela passou ao regime de home office.

“Não foi fácil de acostumar a rotina com o trabalho dentro de casa, filhos rotina doméstica diária etc. No entanto a minha empresa já estava preparada para essa estrutura por se tratar de uma multinacional com matriz em Portugal, quanto ao trabalho tudo funcionou exatamente igual começando pelo ramal da minha mesa que atendo pelo computador com auxílio da internet”, explica.

Segundo a corretora, a empresa agiu com rapidez, criando um comitê de ação quanto Covid, médico disponível praticamente 24 horas de forma remota e criaram vários programas de valorização do capital humano com ênfase na saúde mental. A mudança de ambientes, no entanto, fizeram diferença.

“O que mudou é que não estamos mais vendo nossos colegas, rindo abraçando assim como reuniões presenciais com nossos clientes, mas nos adaptamos para tudo correr bem e funcionou. Fazemos happyhour online cada um com sua bebida em casa, mas claro sentimos falta da antiga rotina”, explica.

Conforme Vanessa, a empresa disponibilizou uma pesquisa para quem deseja permanentemente continuar no home office ou no híbrido ou presencial de acordo com a necessidade de cada um na volta ao novo normal pós Covid. Em sua percepção, o futuro próximo é isso: as mudanças que enfrentamos que viraram rotina, o e-comerce que virou rotina e assim por diante.

Foto: Fábio Junkes

Adequações para o trabalho mudaram as relações

A adequação para o trabalho na nova realidade também apresentou desafios para microempresas e para organizações sociais, explica o contador Elemer Kroeger, da Kroeger Serviços Contábeis.

“Os impactos maiores para estes setores vieram no faturamento, mas claro, também nas adequações necessárias, para continuar atendendo, com um mínimo de garantia para diminuir ao máximo o contágio”, explica.

Atendendo primariamente pequenas empresas, como mercados, lojas de roupas, papelarias e lojas de presentes, Kroeger explica que várias dessas empresas, por seu porte menor, tiveram menos dificuldades a se adequar no trabalho do que as de maior porte – o número reduzido de funcionários ajudou a organizar os trabalhos diante das novas demandas.

A natureza de muitas dessas empresas impede a adoção do home office, explica Kroeger, mas muito do que antes exigia um contato presencial com fornecedores e prestadores de serviço – como ele próprio – passou a ser feito pela internet. “Os clientes me encaminham a documentação, faço o planilhamento e a vamos conversando pelas plataformas. Isso sim tem acontecido muito”, explica.

Foto: Fabio Junkes