No alvorecer do Brasil, quando o jugo colonial pesava sobre os sonhos de um povo, surgiu Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Homem de múltiplos ofícios — dentista, tropeiro, militar —, mas, acima de tudo, um visionário. Líder da Inconfidência Mineira, ele não aceitava a espoliação da Coroa Portuguesa, que sugava as riquezas de Minas Gerais enquanto o povo definhava sob impostos cruéis. Seu grito por liberdade ecoou em 1789, mas a traição o silenciou. Enforcado e esquartejado em 21 de abril de 1792, Tiradentes tornou-se mártir, símbolo da resistência contra a opressão.
Sua importância transcende o passado: ele é a encarnação da luta por justiça e autonomia. Num país marcado por desigualdades e governos distantes do povo, Tiradentes representaria hoje a voz dos excluídos. Em um cenário político de polarizações e corrupção, ele seria o insurgente, denunciando os abusos de poder e a concentração de riquezas. Não se curvaria a oligarquias nem a demagogos; sua postura seria a de quem exige ética e patriotismo verdadeiro, não discursos vazios.
Num Brasil ainda em busca de sua identidade democrática, Tiradentes lembra que mudanças reais nascem da coragem de desafiar o sistema. Se vivo, estaria nas ruas, nas redes, nas tribunas, exigindo reformas que beneficiem a maioria, não uma minoria privilegiada. Sua história nos convoca a refletir: quem são os verdadeiros heróis hoje? Aqueles que servem ao povo ou os que perpetuam injustiças?
Que o 21 de abril não seja apenas uma data no calendário, mas um chamado à ação. Tiradentes não morreu; transformou-se em legado. E esse legado clama por um país mais justo — um Brasil que, finalmente, honre seus heróis não com monumentos, mas com atitudes.