A ideia de um Papa “pop”, que seja carismático, midiático e alinhado com a cultura contemporânea, parece, à primeira vista, uma estratégia eficaz para reter fiéis em um mundo onde a humanidade enfrenta crises de fé, ética e sentido. Em uma era marcada pelo individualismo, polarização e desencanto com instituições tradicionais, a Igreja Católica poderia se beneficiar de um líder que comunique esperança de forma acessível, usando linguagem e plataformas que ressoem com as novas gerações, já que as velhas já dobraram o “Cabo da boa esperança”. No entanto, reduzir a questão à imagem do Papa é simplificar um desafio muito mais profundo.
O problema central não é apenas a falta de apelo superficial da Igreja, mas sua dificuldade em responder a questões urgentes: escândalos de abusos, dogmas percebidos como ultrapassados e uma desconexão com realidades como a crise ecológica, a desigualdade e a diversidade de identidades. Um Papa “pop” pode atrair atenção, mas, sem reformas substantivas, será apenas um paliativo. A fidelidade dos fiéis depende, sobretudo, de credibilidade e visão contemporânea de mundo.
Além disso, em um mundo “sombrio”, onde a humanidade parece fragmentada, a Igreja enfrenta a tentação de se tornar mais um produto no mercado de identidades, competindo por likes em vez de oferecer um contraponto radical ao vazio materialista e espiritual do nosso tempo.
Portanto, se esse hipotético líder unir relevância cultural a uma autêntica transformação pastoral, ouvindo os marginalizados, denunciando injustiças e vivendo com humildade, então a Igreja não apenas reterá fiéis, mas poderá ressignificar sua presença no século XXI. Então, o desafio não é só ser “pop”, mas ser, sobretudo, profético: falar ao coração de uma humanidade perdida, sem perder a essência que a diferencia do mero entretenimento ou do poder temporal. A escuridão do mundo exige luz…