Imagine um mundo onde o primeiro suspiro é dado em um leito de hospital, mas não o suspiro de um recém-nascido, e sim, o último suspiro de um idoso de cabelos grisalhos e rugas profundas. “Parabéns, é um avô!” diz a enfermeira, enquanto o “bebê” solta um gemido e pede uma xícara de chá. Assim começa a vida invertida, onde nascemos mortos velhos e, ao longo dos anos, rejuvenescermos até terminar como crianças cheias de energia, prontas para… desaparecer em um último suspiro de inocência.
No início, a vida seria uma maratona de aposentadorias precoces e aulas de bingo. Escolas seriam centros de desaprendizagem, onde professores ensinariam como esquecer fórmulas matemáticas e desfazer lições de história. “Hoje, vamos desaprender a andar de bicicleta!” diria o instrutor, enquanto os alunos, de muletas, aplaudem com entusiasmo. A ciência teria um novo desafio: entender como o cérebro, cheio de memórias no “nascimento”, vai perdendo neurônios até se tornar uma tela em branco no “final”. Seria a senilidade o ápice da sabedoria? E a demência, uma forma de iluminação?
Aos 50 anos, você estaria no auge da juventude, correndo maratonas e postando selfies nas redes sociais. Aos 20, já seria uma criança, preocupada apenas com desenhos animados e doces. E no último dia de vida, você seria um bebê, chorando por leite e dormindo 18 horas por dia. O humor estaria em ver os mais “jovens” (idosos) reclamando dos mais “velhos” (crianças): “Essa geração nova não sabe nada! Nem andar direito eles conseguem!”
Mas e o sentido da vida? Talvez, nesse mundo invertido, ele fosse justamente desaprender a complexidade e redescobrir a simplicidade. Afinal, quem não gostaria de terminar a existência com uma soneca tranquila, sem preocupações, cercado de carinho e fraldas limpas? Afinal, como diria um sábio de 100 anos (ou seria um recém-nascido?): “A vida é como um ioiô: o importante é saber quando subir e quando descer… ou seria o contrário?”