O uso da Inteligência Artificial generativa no ambiente de trabalho, que envolve a criação de conteúdos como texto, imagens, música, áudio e vídeos, registrou um aumento significativo nos últimos seis meses em todo o mundo, conforme indica o mais recente relatório anual de tendências de trabalho da Microsoft em parceria com o LinkedIn. Atualmente, 75% dos profissionais estão incorporando a IA em suas atividades, sendo que 46% adotaram essa ferramenta há menos de seis meses, segundo os dados do relatório.
Para Rossano Nogueira, professor e especialista em gestão estratégica e ciência de dados, esse aumento no uso da IA no ambiente de trabalho é motivado por dois fatores interligados: a democratização da tecnologia e a crescente demanda no mundo corporativo por eficiência.
“O movimento promovido pela OpenAI tornou a existência de assistentes virtuais algo comum e acessível, sem a necessidade de conhecimento em programação ou interação com códigos complexos para obter resultados. Isso vem atender a uma grande necessidade no mundo corporativo: a demanda intensa por produtividade diária. A IA tem se mostrado como uma solução promissora para aumentar nossa eficiência e alcançar melhores resultados”, explica Nogueira. A OpenAI é a empresa responsável pelo desenvolvimento do modelo de linguagem do ChatGPT e do DALL-E 2, sistema de IA capaz de gerar imagens e artes de diversos estilos a partir de descrições.
Os benefícios em termos de economia de tempo e aumento de produtividade também são evidenciados nos relatórios: 90% dos usuários afirmam que a IA os ajuda a desperdiçar menos tempo, enquanto 84% afirmam que a tecnologia os auxilia a serem mais criativos.
No entanto, a utilização da ferramenta também suscita preocupações entre os usuários. Por exemplo, 52% das pessoas que fazem uso da IA no trabalho relutam em admitir que utilizam a tecnologia em tarefas importantes. Além disso, 53% dos funcionários temem que a adoção da IA os torne dispensáveis.
Segundo o professor, essa relutância e preocupação decorrem da falta de compreensão sobre o funcionamento da IA generativa, tanto por parte dos funcionários quanto dos empregadores.
“As pessoas preferem não ter que explicar que seu trabalho foi realizado com o auxílio de uma inteligência artificial para evitar comentários desanimadores como ‘hoje é só pedir para a IA que ela faz’. Isso frustra quem está envolvido no processo de pesquisa e pode comprometer um bom resultado”, explica.
Ele ressalta que as IAs devem ser vistas como aliadas e não como ameaças.
“A inovação é como o vento, não podemos pará-la. Podemos utilizá-la para beneficiar pessoas, empresas, cidades e transformar o mundo em um lugar melhor para se viver”, conclui.
A pesquisa foi conduzida pela empresa independente Edelman Data & Intelligence e contou com a participação de 31 mil trabalhadores, empregados ou autônomos, entre 15 de fevereiro e 28 de março deste ano. Os resultados foram agregados globalmente para fornecer uma média, com participação de mercados como Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Colômbia, República Tcheca, Finlândia, França, Alemanha, Hong Kong, Índia, Indonésia, Itália, Japão, Malásia, México, Holanda, Nova Zelândia, Filipinas, Polônia, Singapura, Coreia do Sul, Espanha, Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia, Reino Unido, Estados Unidos e Vietnã.