As Bets, travestidas, de jogo da sorte, e não do azar, transformou o já medíocre futebol brasileiro num circo de resultados suspeitos, patrocínios duvidosos, quebradeira de gente pobre, e uma enxurrada de dinheiro que, curiosamente, lava mais branco do que laço funeral. Que bela inversão de valores, não? O jogo do bicho é marginalizado, os cassinos são proibidos, menos que você seja um político em Las Vegas, diga-se de passagem, mas e as Bets? Oras, essas podem desfilar à luz do dia, com direito a comerciais irritantes, influencers enganadores e até patrocínio em camisa de time rico. Agora betanizou-se tudo. Brasileirãobetano, VARberano, pênaltibetano, golbetano, vitóriabetana, derrotabetana…Até o goleiro agora faz “payout”antes de defender! O futebol brasileiro, outrora arte, virou um algoritmo de odds. O técnico já não monta esquema tático, consulta as probabilidades. O juiz não marca falta, checa o live betting.
O futebol brasileiro, já não bastasse sua mediocridade técnica e administrativa, agora abraça com unhas e dentes a cultura do jogo de azar. E o mais hilário é a cara de pau com que clubes, federações e até jogadores defendem essa “nova era”. Será que ninguém percebe o conflito de interesses? Ou será que percebem, mas o dinheiro fala mais alto? Quem precisa de integridade quando se pode ter um bônus de R$ 50 para apostar no seu time perdedor favorito?
E o Estado, esse defensor dos bons costumes, onde está? Ah, sim, ocupado discutindo os lobbies das casas de apostas, que, convenientemente, injetam bilhões no esporte enquanto entidades e clubes fazem vista grossa. Afinal, não há nada mais brasileiro do que criminalizar o pobre que aposta no bicho e abrir as portas para empresas bilionárias que exploram o vício em apostas com um selo de “legalidade”, ou, “betanidade”, que é o mesmo.
Os resultados duvidosos do campeonato brasileiro, que já eram motivo de piada, agora ganham um novo tempero: a desconfiança generalizada. Será que aquele pênalti duvidoso no minuto 92 foi mesmo um lance do jogo? Ou será que alguém estava de olho nas odds? O futebol, que já foi paixão, virou commodity, e o torcedor, otário cego de paixão.
No fim, a moral se dissolve na montanha de dinheiro, e o que sobra é um esporte corroído pela ganância, com uma geração de jovens torcedores sendo doutrinados a acreditar que o verdadeiro lance do futebol não é o gol, mas o “cashout”. Parabéns, Brasil! Mais uma vez, você prova que, quando se trata de hipocrisia e enganação, ninguém joga como você.