Isso reflete profundas desigualdades e prioridades distorcidas no desenvolvimento político, econômico e social do país. Esse cenário é resultado de um modelo histórico que privilegia interesses privados e religiosos em detrimento de investimentos públicos em educação e cultura. A proliferação de igrejas evidencia a forte influência religiosa na sociedade, muitas vezes associada a uma lógica de mercado que explora a fé como negócio, enquanto a abundância de farmácias revela a mercantilização da saúde, onde o acesso a medicamentos é mais lucrativo do que a promoção de políticas públicas de prevenção e cuidado integral.
A falta de investimentos em educação e bibliotecas é sintomática de um Estado que negligencia o direito à formação crítica e à informação. A educação pública enfrenta subfinanciamento crônico, baixa qualidade e desigualdades regionais, perpetuando ciclos de pobreza, alienação e exclusão. A escassez de bibliotecas, por sua vez, limita o acesso ao conhecimento, senso crítico e à cultura, fundamentais para a construção de uma cidadania ativa e consciente.
As consequências são graves: uma população menos capacitada para enfrentar os desafios do mercado de trabalho, baixa mobilidade social e uma democracia ainda em formação, onde a falta de pensamento crítico facilita a manipulação política e o avanço de discursos autoritários. Além disso, a priorização de interesses religiosos e comerciais sobre políticas públicas reforça desigualdades e marginaliza grupos vulneráveis.
Para reverter esse quadro, é essencial priorizar investimentos em educação e cultura, garantindo acesso universal e de qualidade. A construção de uma sociedade mais justa e igualitária exige a valorização do conhecimento e da ciência, além da redução da influência de setores que lucram com a desinformação e a precariedade. O Brasil precisa escolher entre perpetuar um modelo excludente ou construir um futuro onde educação e cultura sejam pilares do desenvolvimento humano, como fazem os países nórdicos.