É um poderoso antídoto. O Carnaval, com sua explosão de cores, música e dança, é uma das poucas oportunidades em que as pessoas podem estravasar e subverter as emoções, desde que de forma socialmente aceita. Em tempos onde a saúde mental está cada vez mais fragilizada, essa festa se torna uma válvula de escape poderosa.
É o momento de deixar de lado as máscaras do cotidiano e vestir outras, literalmente, que permitem expressar desejos, frustrações e alegrias de maneira livre e criativa, livrando-se dos grilhões do ultraconservadorismo sufocante.
Para muitos, o Carnaval é uma terapia coletiva. A música, o ritmo contagiante e a sensação de pertencimento ajudam a liberar endorfinas, aliviando o estresse e a ansiedade. É como se, por alguns dias, as regras rígidas da vida dessem lugar ao caos organizado da folia, onde tudo pode ser invertido, questionado ou celebrado. É um poderoso elixir libertário.
Quem consegue se entregar a essa experiência de corpo e alma é, de fato, um privilegiado. Não no sentido financeiro, mas emocional. É uma chance de reconectar-se com a própria humanidade, de rir, chorar, dançar e gritar sem medo de julgamento. O Carnaval, portanto, antes de ser renegado pelos pudicos, é um meio de resistência, cura e um lembrete de que, mesmo em tempos sombrios, a alegria pode ser revolucionária e libertadora. Basta se permitir.