O vinho é uma bebida milenar que faz parte da história da humanidade. Há registros que apontam o seu surgimento no ano 6.000 a.C. Ao longo dos séculos até os dias de hoje, esta “bebida dos deuses” tem sido retratada na literatura, nas artes plásticas e na música.
O empresário de Jaraguá do Sul, Vicente Donini, é um apreciador do vinho. Mas nem sempre foi assim. Ele conta que trabalhou durante 30 anos na WEG, “desde o primeiro dia de atividade da empresa, em 1961, quando ainda era um adolescente”. Em determinada época, Donini passou a viajar para outros países a trabalho. As viagens eram mais demoradas e, nos finais de semana, ele começou a visitar vinícolas. “Eu conheci vinícolas em vários países, como Alemanha, Itália, França, Portugal, Chile, Argentina e outros. Devo ter visitado de 60 a 80 vinícolas, então a gente vai visitando, conversando e aprendendo”. O que ele não imaginava é que um dia teria sua própria vinícola.
Donini não tinha o hábito de beber vinho. “Eu não gostava. Comecei a apreciar aos poucos”, conta ele, para quem uma taça da bebida à noite se tornou sagrada. O empresário relata que em uma de suas viagens à Europa, perguntou qual era o segredo do bom vinho e ouviu como resposta que 80% da sua qualidade está na uva. “Não tem enólogo no mundo que faça um bom vinho com uma uva ruim. Os outros 20% são a alquimia”, resume.
Disposição e paixão pelo trabalho
Depois das três décadas de atuação profissional na WEG, passando em seguida para o comando da Marisol, empresa têxtil fundada pelo seu irmão, Pedro Donini, em Jaraguá do Sul, Vicente passou o controle dos negócios da família, que incluem ainda outras empresas, para os filhos Giorgio e Giuliano.
“Sempre trabalhei por paixão. Eu gosto do que faço. Tenho muita saúde e disposição, então preciso me ocupar”, afirma. De fato, disposição e boa saúde não lhe faltam. Tem o hábito de dormir cedo, por volta das 22h, e acorda, normalmente, às cinco horas da manhã. Não gosta de ficar parado. Faz caminhadas, se exercita e anda de bicicleta “pra valer”. Entre outras aventuras sobre duas rodas, já fez o caminho de Santiago de Compostela pedalando e foi de bicicleta de Berlin a Copenhage, um trajeto de 600 quilômetros.
Um novo desafio
Em novembro de 2014, surgiu a oportunidade de compra de uma propriedade de 52 hectares, com altitude média de 1.310 metros, na cidade de São Joaquim, na Serra Catarinense, onde havia um vinhedo. Como empreendedor nato, líder empresarial e comunitário de grande relevância para Santa Catarina e para o Brasil, em março de 2015 Vicente Donini se lançou em um novo desafio: a criação da Vivalti Vinícola.
“O antigo proprietário perguntou se eu tinha gente para trabalhar. Era época de vindima (colheita da uva) e a primeira colheita tinha acontecido no ano anterior. Ele disse que se eu quisesse poderia continuar com a sua equipe. Eram 3 hectares e meio de plantação. Acompanhei todo o processo, até o final da colheita, quando a uva vai para vinificar (se transformar em vinho), vi como tudo era feito” conta Donini.

Foto: Arquivo pessoal
“Hoje são 13 hectares e meio cultivados de um projeto de plantio de 16 hectares, que quando estiverem em plena produção vão resultar em 100 mil a 120 mil garrafas de vinho ao ano”, diz, explicando que a variação se deve a questões climáticas. O granizo, por exemplo, se ocorre em época de floração ou quando os bagos ainda estão pequenos, prejudica imensamente.
As mudas de videira são importadas da Itália e fornecidas sempre no mês de outubro. E é preciso encomendar com um ano de antecedência. “Mesmo as cepas francesas e portuguesas, nós compramos de um único viveiro italiano”, conta. Entre elas as de uvas Alvarinho, Cabernet Sauvignon, Marselan, Pinot Noir, Sangiovese, Sauvignon Blanc, Touriga Nacional e outras, que se adaptam perfeitamente ao clima e ao solo da Serra Catarinense.

A Vivalti Vinícola já se destaca no mercado com diversos rótulos premiados | Foto: Fábio Junkes
A escolha do nome
A sonoridade italiana do nome “Vivalti” é uma referência à altitude em que as uvas são cultivadas, e ao músico e compositor italiano, Antonio Vivaldi, o preferido de Vicente Donini. Atualmente, a Vivalti Vinícola produz 14 diferentes rótulos da bebida e já coleciona diversos prêmios em concursos para avaliação de vinhos no Brasil que seguem procedimentos internacionais.

A Vivalti conta atualmente com 14 rótulos de vinho | Foto: Fábio Junkes
Mais recentemente, a destacada publicação anual “Adega Brasil – Guia de Vinhos”, que faz a avaliação e orienta os consumidores sobre a qualidade dos vinhos, elegeu o Touriga, da Vivalti, como o melhor vinho tinto nacional. “Os que somam entre 90 e 95 pontos são extraordinários, de 91 a 94 são excelentes e de 89 a 90, ótimos. No ano que passou, nós tivemos a felicidade de ter o melhor vinho tinto nacional, o Touriga, que emplacou 93 pontos. Entre os melhores de Santa Catarina, de quatro vinhos, dois são nossos. Se pegar o melhor de Santa Catarina destacadamente, também é um vinho da Vivalti”, conta Donini com satisfação.

As mudas de videira são todas importadas da Europa | Foto: Arquivo pessoal