No dia 20 de fevereiro o Programa de Controle de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde foi acionado para coleta de um morcego encontrado morto em uma residência no Bairro Rau. O animal foi recolhido e enviado para análise no Laboratório Regional de Diagnóstico de Joinville (LABJVL). Neste dia 10 de abril, a Gerência de Vigilância Epidemiológica recebeu o resultado positivo para o vírus da raiva. Para este tipo de situação – a exemplo do que já foi feito em um perímetro no Bairro Vila Nova – o Município vai seguir o protocolo da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado de Santa Catarina – DIVE/SC, com a vacinação preventiva de todos os cães e gatos em um raio de 300 metros a partir do local em que o morcego foi encontrado.
A Gerência Regional de Saúde está organizando a logística junto ao Estado para o fornecimento e transporte das doses necessárias para iniciar a ação de vacinação dos animais.
O Programa de Controle de Zoonoses do Município iniciou a ação nesta segunda-feira (10), com a visita de casa em casa para mapeamento dos animais (cães, gatos e outros) e levantamento do quantitativo de doses necessárias de vacina antirrábica. A intenção é iniciar a vacinação dos animais mapeados na próxima semana.
Os agentes da Saúde estarão identificados e é extremamente importante a colaboração dos munícipes neste trabalho de mapeamento dos animais domésticos.
“Vamos seguir o protocolo para o caso e pedimos para que as pessoas recebam bem nossas equipes, pois essas medidas são necessárias para evitar novos casos”, destaca o secretário de Saúde, Alceu Moretti.
Diante dessa confirmação, o serviço de Vigilância Epidemiológica de Jaraguá do Sul reforça as seguintes orientações:
-Em caso de mordedura e arranhadura, o munícipe deve procurar o mais breve possível uma Unidade de Saúde para avaliação do ferimento e notificação do caso à Vigilância Epidemiológica (mesmo que o ferimento não seja grave);
-Caso o ferimento seja grave (profundo ou dilacerante, principalmente em extremidades como dedos), procurar o Hospital São José (adultos) ou o Hospital Jaraguá (crianças) para avaliação médica de utilização do soro antirrábico;
-Munícipes que sofreram arranhaduras ou mordeduras por cães ou gatos domésticos cujo tutor é conhecido, certificar-se de providenciar o endereço e telefone do tutor para repassar para o Programa de Controle de Zoonoses, que fará a observação do animal agressor;
-Munícipes que sofreram arranhaduras ou mordeduras por cães ou gatos de rua/desaparecidos, animais que morreram após a agressão ou qualquer outro animal potencialmente transmissor de raiva (como bovinos, equinos, suínos etc.), procurar imediatamente o serviço de saúde para iniciar o esquema vacinal contra a raiva;
Aparecimento de morcegos doentes ou mortos ou ainda o contato com o mesmo, devem ser imediatamente informados ao Programa de Controle de Zoonoses, através dos telefones 0800-642-0136 / 2106-8315 / 99224-4543. Não é orientado pelo setor, a manipulação desses espécimes pelo cidadão comum em virtude do risco de acidentes/exposições. Os morcegos recolhidos pelo Programa de Controle de Zoonoses são encaminhados para análise laboratorial do vírus da raiva.
A raiva humana
A raiva é uma doença transmissível que atinge mamíferos como cães, gatos, bois, cavalos, macacos, morcegos e também o homem, quando a saliva do animal infectado entra em contato com a pele ou mucosa por meio de mordida, arranhão ou lambedura do animal. O vírus ataca o sistema nervoso central, levando à morte após pouco tempo de evolução. A raiva não tem cura estabelecida (há apenas o registro de três casos de cura conhecidos no mundo, sendo um deles no Brasil) e a única forma de prevenção é por meio da vacina antirrábica.
Casos de raiva humana no estado de Santa Catarina
No dia 4 de maio de 2019 foi confirmado o diagnóstico laboratorial de raiva para o óbito de uma paciente de 58 anos, residente em área rural do município de Gravatal (SC). O estado de Santa Catarina não registrava casos de raiva em humanos desde 1981, quando um paciente de Ponte Serrada foi vítima da doença.
Na ocasião dessa confirmação, as ações desenvolvidas envolveram a vacinação casa a casa de cães e gatos em um raio de cinco quilômetros a partir da residência da paciente, bem como a busca ativa de animais doentes e mortos e orientação à população. A vacinação de todos os cães e gatos é a forma mais eficaz de proteção contra a doença.
Dados Jaraguá do Sul
Nos últimos cinco anos (2018 a 2022) foram registrados pela Vigilância Epidemiológica no Sistema de Informações de Agravos de Notificação – Sinan, 2.074 atendimentos antirrábicos em pessoas residentes em Jaraguá do Sul (atendimento de pessoas agredidas por animais potencialmente transmissores de raiva), sendo 2019 o ano com maior número de registros (507 casos).
No ano de 2022 foram registrados 395 casos de atendimento antirrábico. A maior parte dos casos envolveu mordeduras por cães (78,5%) e gatos (18,9%). Dos casos registrados no último ano, três envolveram pessoas mordidas por morcegos. Em todos os casos foi realizado o esquema de soro e vacinação profilática dos pacientes, devido ao risco de infecção pelo vírus da raiva. Os pacientes receberam alta após concluírem as doses. Os demais casos referem-se a outros animais (macaco e tamanduá) ou a esquema profilático pré-exposição de médicos veterinários ou estudantes de medicina veterinária.