Um grupo de 15 pinguins-de-Magalhães retornou ao mar em Florianópolis, após um período de reabilitação na Associação R3 Animal, executora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).
Esses animais encalharam em praias do litoral catarinense durante a migração anual da espécie, com sinais de exaustão e afogamento, foram resgatados e passaram por tratamento veterinário intensivo.
Após a soltura, o monitoramento dos animais continua: um rastreador que transmite dados por satélite está acompanhando a jornada dos pinguins de volta às colônias reprodutivas, na Patagônia Argentina.
“Vamos saber quanto tempo os animais levam para chegar às colônias e se o grupo permanece junto. Nós finalizamos o nosso trabalho na soltura, mas só saberemos se houve sucesso quando os pinguins chegarem aos seus locais de origem”, analisa Cristiane Kolesnikovas, presidente da R3 Animal.
A instalação dos transmissores é conduzida pelo Projeto de Monitoramento de Pinguins-de-Magalhães por Telemetria Satelital (PMPTS), uma condicionante ambiental que atende às exigências do IBAMA. O objetivo é investigar o comportamento migratório e uso de habitat desses animais, gerando informações para embasar ações de conservação da espécie.
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Monitoramento: um aliado à conservação
No grupo de pinguins soltos, cinco foram equipados com transmissores de 18 g, acoplados ao dorso próximo à cauda. A instalação é simples, leva cerca de 15 minutos, e consiste em camadas de fitas impermeáveis por entre as penas, que “abraçam” o dispositivo.
O peso do equipamento varia entre 3% e 5% do peso do animal, garantindo que sua capacidade de mergulho e gasto energético permaneçam intactos.
“O tamanho e peso dos tags são insignificantes em relação às dimensões do animal, sem impactar negativamente o seu bem-estar ou hidrodinâmica, seguindo convenções internacionais”, explica Guilherme Bortolotto, professor de Ecologia Marinha e pesquisador parceiro da R3 Animal.
A bateria dos rastreadores funciona por 8 horas diárias, transmitindo um sinal por minuto, com uma duração estimada de três meses. Durante esse período, a equipe realizará várias leituras de dados para acompanhar, em tempo real, a rota migratória dos pinguins e seus padrões de movimentação.
“Nesta época do ano, eles retornam às colônias de origem onde realizam a troca de penas e, no ano seguinte, recomeçam o ciclo migratório”, explica Silvia Gastal, bióloga e responsável técnica do PMPTS. Com a troca de plumagem, os transmissores naturalmente vão se desprender dos animais. Cada equipamento contém um número de telefone para facilitar sua recuperação.