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Três milhões de brasileiros estão “sumidos”, aponta censo do IBGE

Foto: Agência Brasil

Por: Elisângela Pezzutti

14/04/2023 - 14:04 - Atualizada em: 14/04/2023 - 14:53

Os resultados do censo demográfico acenderam um alerta no governo pelo suposto “sumiço” de quase três milhões de brasileiros, pois isso pode afetar a formulação de políticas públicas e a distribuição de verbas para centenas de prefeituras.

Quase concluído, o recenseamento teria identificado pouco menos de 205 milhões de habitantes até agora, segundo informações do governo. É uma diferença significativa em relação às projeções apresentadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no fim do ano passado.

Na ocasião, o instituto divulgou uma prévia do censo com base nas coletas realizadas até 25 de dezembro. As estimativas indicavam a existência de ao menos 207,8 brasileiros.

Mais de três meses depois, o número efetivamente contabilizado seria quase três milhões abaixo disso. Em termos populacionais, equivale a praticamente um Distrito Federal de discrepância. Há preocupação no Ministério do Planejamento, a quem o IBGE está vinculado, e no Palácio do Planalto.

A suspeita é que um contingente expressivo de famílias de baixa renda se declarou como “unipessoal”, sem informar cônjuge e filhos, pelo receio de perder acesso a benefícios sociais.

O governo já sabe, por exemplo, que o número de beneficiários do Bolsa Família foi inflado durante o ano passado com mais de uma pessoa do mesmo núcleo familiar recebendo recursos. Isso ocorreu pela falta de controle no cadastro para receber o então Auxilio Brasil e, agora, milhões de benefícios estão sendo cancelados.

Também teria chamado a atenção dos pesquisadores do IBGE o elevado número de “domicílios de uso ocasional” (usados para férias ou fins de semana) em localidades pobres e, em tese, sem esse perfil.

Há ainda um número considerado relevante de questionários não respondidos, inclusive em bairros nobres de capitais, o que deixa lacunas importantes nos dados.

A dimensão exata do problema será conhecida nas próximas semanas. No sábado (15), o instituto promoverá um esforço concentrado, em bairros ricos de capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, na tentativa de reduzir a taxa de “não resposta”.

Até o fim de abril, o IBGE continuará na dupla função de revisão dos dados coletados no período de agosto de 2022 a fevereiro de 2023 e de retorno pontual a campo onde for necessário, incluindo comunidades carentes. No mês passado, a ministra Simone Tebet lançou o Favela no Mapa, uma ação conjunta com a Central Única das Favelas (Cufa) que busca diminuir resistências aos recenseadores do IBGE.

Prefeitos de diversas regiões do país fizeram chegar ao governo federal que estão preocupados com a perda de recursos no âmbito do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) — por meio do qual a União distribui 22,5% de sua arrecadação com Imposto de Renda (IR) e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

Cerca de 700 prefeituras alegavam perda de repasses com a nova distribuição. Muitos municípios argumentavam que os dados do IBGE não condiziam com a realidade local.

 

 

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) pretende iniciar uma mobilização para que, em 2025, seja feita de forma adequada a recontagem da população.

Fonte: Agência Brasil

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Elisângela Pezzutti

Bacharel em Comunicação Social pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Atua na área jornalística há mais de 25 anos, com experiência em reportagem, assessoria de imprensa e edição de textos.