Quando o clima volta a esquentar, os registros de animais de sangue frio também aumentam. As cobras e demais animais deixam o aconchego das tocas de inverno para voltar a ativa, isso ocorre porque elas são animais de sangue frio, ou seja, a temperatura corporal depende do ambiente externo.
Quem nos guia nessa trilha é o biólogo Gilberto Ademar Duwe, conhecido como Giba, da Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama). Nos meses mais quentes, o biólogo Giba vira melhor amigo das cobras por conta do serviço de resgate animal. Ele comenta que esse comportamento se deve às características biológicas dos animais de sangue frio. Quando a temperatura ambiente é baixa, o metabolismo deles fica lento, fica difícil de se locomover e manter as atividades.

Foto: Instagram/ @biologo.giba
De acordo com Giba, as cobras mais encontradas na região são a dormideira, a jararaca e a coral verdadeira, que desempenham papéis fundamentais no ecossistema local, contribuindo para o equilíbrio da cadeia alimentar e preservação da biodiversidade. “O principal cuidado nessa época do ano é a prevenção tanto na área rural como na cidade, não dar condições para acidentes.”
A dormideira, conhecida pelo comportamento dócil e inofensivo, é comumente avistada em ambientes de vegetação, onde se alimenta de pequenos vertebrados e artrópodes, como lesmas e caracóis, desempenhando um papel importante no controle de pragas. Nas áreas urbanas da cidade, costuma ser encontrada principalmente em hortas e jardins.

Foto: Instagram/ @biologo.giba
A jararaca, por sua vez, é uma cobra venenosa e altamente adaptável, podendo ser encontrada tanto em áreas urbanas quanto em habitats naturais. O veneno potente é um mecanismo de defesa, por isso, a presença na região exige cautela por parte dos moradores. “A jararaca é peçonhenta, se adaptou muito bem à área urbana e se alimenta principalmente de roedores”, explica o biólogo.

Foto: Divulgação/Instituto Butantan
Já a coral verdadeira tem cor vibrante e padrão característico, e é uma cobra que costuma habitar áreas mais próximas à água, como brejos e regiões alagadas, mas também se adaptou à área urbana. Sua presença é um indicativo da qualidade ambiental desses ecossistemas e a presença não é tão perigosa quanto a jararaca, por exemplo. “Essa cobra não dá bote, a pessoa teria que pegar ela na mão para ser atacada”, diz.

Foto: Blog Cobasi
As cobras são criaturas frequentemente incompreendidas e até mesmo temidas por muitas pessoas, mas elas desempenham um papel fundamental e valioso nos ecossistemas em todo o mundo. De acordo com Gaba, elas são muito importantes pois são predadoras e auxiliam no controle da população dos animais. “A jararaca, por exemplo, se alimenta principalmente de roedores, então ela vai controlar as espécies de roedores na região. Já as dormideiras se alimentam de lesmas e caracóis”, explica.
As cobras são frequentemente predadoras de animais menores, ou seja, ajudam a evitar a superpopulação desses animais. Elas ocupam posições cruciais nas cadeias e teias alimentares dos ecossistemas. Ele explica que as serpentes são importantes justamente por manter esse equilíbrio na natureza e diz que o desaparecimento de uma espécie específica pode causar uma superlotação de outro animal, causando um desequilíbrio no ambiente.
O que fazer ao encontrar uma cobra?

Foto: Divulgação/Fujama
O biólogo Gaba ressalta que as cobras não são um risco para os seres humanos pois não transmitem doenças. Serpentes peçonhentas são uma minoria, e é importante aprender a identificá-las e tomar precauções ao encontrar esses animais. A coexistência segura é possível com cuidado e conhecimento adequado.
“Não só Jaraguá do Sul, mas todos os municípios próximos tem bastante vegetação e esses locais são abrigos para serpentes e outros vários animais. As cobras sempre estiveram entre nós, mas desde 2017 a Fujama tem um trabalho de resgate desses animais. Fazemos também um trabalho de educação ambiental, divulgando as espécies capturadas”, explica.

Foto: Divulgação/Fujama
Não é preciso sentir medo
Vale ressaltar que grande parte das cobras não oferece risco para os seres humanos, por isso, não é preciso ter medo, basta ter cautela e evitar se aproximar. Confira algumas dicas de como agir nessa situação:
Mantenha a calma: O primeiro passo ao encontrar uma cobra é manter a calma. O pânico pode levar a ações impulsivas e perigosas. Fique parado e respire profundamente para evitar movimentos bruscos que possam assustar uma cobra.
Mantenha distância: A maioria das cobras não atacará a menos que se sintam ameaçadas. Portanto, afaste-se lentamente do animal. O ideal é manter uma distância segura de pelo menos dois metros para garantir sua segurança.
Não a toque: Nunca tente tocar ou manipular uma cobra selvagem. Mesmo serpentes não venenosas podem morder se se sentirem ameaçadas. Lembre-se de que todas as cobras têm dentes e podem causar danos.
Observe e identifique: Se você se sentir seguro o suficiente para fazê-lo, tente observar a cobra com cuidado. Anote as características físicas, como a cor, o padrão, a forma da cabeça e o tamanho. Isso pode ajudar na identificação posterior, caso seja necessário.
“Se for área residencial, acione a Fujama para irmos até lá fazer o resgate, já se for na mata, o ideal é deixar ela lá e seguir o caminho. O maior problema na verdade é não ver uma cobra peçonhenta, como uma jararaca, e passar muito perto dela”, explica o biólogo. Ao ir fazer uma trilha, mexer no quintal, horta ou roça, sempre usar equipamentos de segurança, como bota de borracha, perneira e luva de segurança.
As cobras são animais silvestres da fauna local, sendo uma peça fundamental no controle da biodiversidade da região. “Esses animais são importantes para o equilíbrio da região, removê-los teria consequências muito ruins. Graças a elas existe equilíbrio nas espécies de animais”, explica o biólogo.
Tem cobra na sua casa? Chama a Fujama!

Foto: Divulgação/Prefeitura de Jaraguá do Sul.
Essa matéria trouxe várias informações sobre as cobras pra gente aprender a conviver com elas, mas também não se empolgue achando que vai saber distinguir elas. Apenas o trabalho de um especialista pode de fato identificar esses animais. Se aparecer alguma na sua casa, chama o serviço de resgate da Fujama.
Os chamados podem ser feitos pelo telefone da Fujama, o 3273-8008, de segunda a sexta, das 7h30 às 17 horas. Nos demais horários e fins de semana é possível solicitar o resgate aos Bombeiros, pelo 193.